O presidente da Bolívia, Evo Morales, pediu nesta quinta-feira (7) aos cidadãos do país que defendam a democracia no país, dizendo que as ditaduras militares dos anos 60 e 70 estão sendo substituídas por "ditaduras civis", depois de ter sua presença rejeitada em quatro cidades administradas pela oposição.
O presidente, que no domingo vai passar por um referendo junto com seu vice e oito governadores, destacou que "existe uma ditadura civil que atenta contra a democracia", já que as cidades de Tarija (sul), Sucre (sudeste), Santa Cruz (leste) e Trinidad (nordeste) resistem à sua presença no poder.
"Lamento muito que agora as ditaduras dos anos 60 e 70 estejam sendo substituídas por alguns grupos que tomam aeroportos", disse o presidente, durante os atos de comemoração do Dia das Forças Armadas, na cidade de Cochabamba, onde tem forte influência em bairros periféricos e zonas rurais, como a produtora de coca do Chapare, sua tribuna política.
Morales teve de suportar na terça-feira a resistência dos moradores da cidade vizinha de Tarija, onde deveria assinar acordos do setor de energia, junto a seus colegas de Venezuela, Hugo Chávez, e Cristina Kirchner, da Argentina.
Quarta-feira também foi rejeitado na cidade de Sucre, onde deveria liderar as festas nacionais, como ocorre tradicionalmente em todo 6 de agosto, quando se reúnem as autoridades dos três poderes do Estado.
No mesmo dia, o presidente chegou à cidade de Santa Cruz, mas não conseguiu sair do aeroporto e depois seu avião não pôde aterrissar em Trinidad (nordeste).
O ministro boliviano da Presidência, Juan Ramón Quintana, advertiu que a Bolívia está às portas de um "verdadeiro golpe de estado contra a ordem constitucional" para derrubar o governo. Segundo o braço-direito de Morales, o plano está sendo tramado pelos governadores das regiões que querem autonomia.
Quintana referiu-se ao suposto complô em declarações à rádio estatal "Patria Nueva", na cidade amazônica de Trinidad. Ele disse que a ação está se desenrolando "ao típico estilo das ditaduras que precederam à recuperação da democracia em 1982".