Dirigentes cívicos e manifestantes bolivianos do departamento de Tarija, contrários ao governo de Evo Morales, enfrentaram-se nesta terça-feira (5) com a polícia, quando tentavam chegar ao aeroporto, a um hotel que abrigava representantes da imprensa estrangeira e sede da Empresa Nacional de Telecomunicações (Entel), de acordo a Agência Telam, da Argentina. A cidade deveria ter sido sede de um encontro entre Morales e os presidentes da Argentina, Cristina Kirchner, e da Venezuela, Hugo Chávez.
Pela manhã, o grupo impediu a entrada dos funcionários da Entel nas dependências da estatal. Em seguida, outro grupo tentou desalojar funcionários e jornalistas do governo venezuelano. Um ameaça parecida com a que impediu a chegada de Morales nesta segunda (4) a Sucre, obrigando-o a suspender a viagem que faria para presidir os atos do aniversário cívico nacional.
Além dessas manifestações, a seis dias do referendo revogatório de mandato, marcado para o próximo domingo (10), líderes da oposição estão em greve de fome, segundo a BBC Brasil. Eles exigem que o governo volte a repassar parte da receita da venda do petróleo para as regiões produtoras. Os recursos oriundos do imposto são destinados pelo governo ao pagamento de uma bolsa de US$ 28 mensais para aposentados. A greve começou no domingo (3) e pode chegar a cinco dos nove departamentos.
Em Santa Cruz, além do retorno de 30% do Imposto Direto sobre Hidrocarbonetos (IDH), os grevistas também se manifestam em defesa do prefeito, Rubén Costas, que foi convocado pela Justiça por causa do referendo pela autonomia do departamento.
A oposição nega que a greve seja uma tentativa de boicote ao referendo revogatório. No domingo, os eleitores vão decidir se querem ou não a continuidade do mandato do presidente e de oito dos nove prefeitos, cinco da oposição.
De acordo com as regras definidas pela Justiça Eleitoral boliviana, o político que tiver um índice de rejeição superior aos votos que teve na eleição de dezembro de 2005 deve deixar o cargo.
O presidente Morales criticou a oposição e ainda fez piada, afirmando que eles aderiram greve para perder peso. Sinto que não estão fazendo greve de fome, estão fazendo dieta, temos que ajudá-los, disse.
O governo de Morales enfrenta também uma onda de protestos de uma das principais centrais sindicais do país, a Central Obrera Boliviana, que bloqueou estradas e convocou greves em Cochabamba Sucre, La Paz e Oruro.
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