A União Européia sofreu quase 500 ataques terroristas durante 2006, em sua maioria de cunho independentista, e dirigidos, principalmente, contra a França (294) e contra a Espanha (145), segundo o primeiro relatório estatístico do Escritório Europeu de Polícia (Europol) sobre o tema.
"O terrorismo não é novo na UE, mas sua ameaça no século XXI é mais séria do que nunca", assegurou hoje o diretor do Europol, Max-Peter Ratzel, que foi ao Parlamento Europeu para falar do estudo, elaborado com informações fornecidas por diversos países do continente.
O texto afirma que, "apesar do alto número de atentados, a grande maioria deles não pretendia atacar pessoas", e só o cometido pelo grupo separatista basco ETA no aeroporto de Madri, em 30 de dezembro, deixou vítimas.
No entanto, o relatório afirma que "a tentativa frustrada de atentado em Colônia, na Alemanha, demonstra que os islâmicos continuam tentando efetuar massacres maciços".
A França foi o país europeu onde ocorreram mais atentados em 2006, com 283 atentados dos independentistas córsicos e outros onze cuja origem não se sabe.
A Espanha é o segundo membro da UE mais afetado pelo terrorismo. "Apesar do cessar-fogo declarado pelo ETA", o país sofreu 136 ataques de separatistas, oito da extrema-esquerda e um de origem "não especificada", destaca o relatório.
Em seguida, estão, entre outros, a Grécia, onde a extrema-esquerda provocou 25 atentados no ano passado, a Alemanha (dez de extrema-esquerda e dois não especificados), a Itália (onze de extrema-esquerda) e o Reino Unido (quatro de separatistas e um não especificado).
Os ataques foram cometidos por separatistas (424), organizações de extrema-esquerda (55), grupos não especificados (17), pela extrema-direita (1) e por islâmicos (a tentativa fracassada contra dois trens em Colônia).
No total, foram detidos 706 indivíduos suspeitos em 15 Estados-membros durante o ano passado.
Apesar de nenhum ataque islamita ter obtido êxito em 2006, a metade das detenções está relacionada a grupos fundamentalistas (257), seguidos de separatistas (226).
A grande maioria das detenções aconteceu na França (342), no Reino Unido (156) e na Espanha (85).
Para o Europol, o alto número de detenções de islâmicos demonstra que esse tipo de terrorismo é "a prioridade clara dos Estados-membros".
A Espanha é a primeira em número de condenações por terrorismo (205 de 303) e no tempo de prisão para esses crimes: 8.236 anos.
O Europol justifica que alguns criminosos receberam penas de centenas de anos, já que, em 33 casos, eram julgados por assassinato ou "efeitos colaterais".
Em comparação, o relatório acrescenta que a Justiça alemã "condenou um homem a 15 anos de prisão por colaborar com 246 assassinatos e pertencer a uma organização terrorista", em um caso relacionado com os atentados de 11 de setembro de 2001 nos Estados Unidos.
O estudo da polícia européia conclui que a França, a Espanha e o Reino Unido são os países "mais severamente afetados pelo terrorismo", quando se leva em conta tanto o número de ataques como o de detenções e de penas de prisão.
No outro extremo do "ranking" de países afetados pelo terror estão Estônia, Finlândia, Hungria, Letônia, Lituânia, Eslováquia e Eslovênia.
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