Volta para casa
Primeiros brasileiros chegam e relatam momentos de desespero no Chile
Folhapress
Após enfrentar mais de cem tremores secundários de terra, além do terremoto de 8,8 graus de sábado, os primeiros brasileiros que conseguiram voltar para casa em voos comerciais se disseram aliviados ao chegar ao Brasil, ontem pela manhã.
Número de mortos deve subir, diz Bachelet
Agência Estado
O número de mortos pelo terremoto da madrugada de sábado no Chile deve subir ainda mais, admitiu ontem a presidente Michelle Bachelet. Mais tarde, o Escritório Nacional de Emergências informou que há 802 mortes confirmadas pelo tremor e fez uma balanço da tragédia no país (veja quadro ao lado).
"Eu acredito que o número de mortos irá aumentar, conforme o mar devolva mais corpos. O processo de remoção dos escombros ainda não está encerrado", afirmou a presidente.
Na entrevista, Michelle Bachelet negou que seu país teria rejeitado ajuda do exterior. "Li com surpresa a notícia de que havia rejeitado a ajuda internacional", disse a governante.
Ela explicou ter apenas declarado, após as primeiras ofertas de ajuda, que era preciso primeiro avaliar a situação e ver que tipos de materiais seriam mais necessários.
"Estamos pedindo o que realmente precisamos, não o que já temos no Chile", disse Bachelet, que agradeceu pela solidariedade da comunidade internacional frente à catástrofe.
A governante agradeceu aos presidentes do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, e do Peru, Alan García, assim como a secretária de Estado dos Estados Unidos, Hillary Clinton.
Quatro dias depois do terremoto de 8,8 graus na escala Richter que deixou 802 mortos no Chile, um novo tremor, desta vez de 5,6 graus, levou pânico à capital, Santiago, e a diversas cidades das regiões central e centro-sul do país, onde moradores fugiram para as montanhas, temendo que um novo tsunami varresse as praias e portos, como ocorrera no sábado.
A polícia chilena alertou para a possibilidade de novas ondas gigantes nos balneários de Dichato, Constitución e Talcahuano, mas retirou o alerta logo em seguida.
Como o sistema de detecção de maremotos da Marinha chilena falhou no desastre de sábado, muitos sobreviventes ignoraram os pedidos de calma feitos pela polícia e continuaram abrigados nas zonas mais altas, atentos ao movimento da maré.
Centenas de carros que circulavam por Concepción no momento da réplica mudaram bruscamente de direção, buscando os acessos que levam a parte alta da cidade. Enormes congestionamentos se formaram nas saídas do porto.
Os irmãos Sergio e Claudia González estavam entre a pequena multidão que se aglomerou num morro de aproximadamente 30 metros, a três quadras da praia, em Dichato.
Os dois irmãos moram em Santiago, mas viajaram ao sul do país para procurar por parentes desaparecidos, quando foram surpreendidos pela réplica desta quarta-feira. Sergio, que havia ido a Concepción capital da Região de Biobío , teve dificuldades para voltar a Dichato porque a polícia fechou todos os acessos à cidade.
Ontem, os moradores da região começaram a receber os primeiros carregamentos de ajuda alimentar enviados pelo governo chileno. Pelo menos 13 mil pessoas puderam levar caixas com leite, peixes, macarrão, açúcar e molho de tomate.
Militares do Exército acompanharam a distribuição de alimentos e a reabertura de alguns supermercados que haviam sofrido saques nos primeiros dias após o terremoto.
Em Constitución onde foram registradas quase metade das mortes ainda "há muitos cadáveres inchados e mutilados" boiando sobre as águas, disse um militar que identificou-se apenas como tenente Gutiérrez. O estado de decomposição dificulta e identificação dos corpos, contribuindo para que muitos nomes ainda permaneçam na lista de desaparecidos.
Erro da Marinha
A Marinha do Chile reconheceu ontem ter descartado, nas primeiras horas após o terremoto que atingiu o país no sábado, a existência de risco de tsunami - que acabou ocorrendo e gerou o maior número de mortos e estragos em zonas costeiras.
O comandante Edmundo González admitiu que a corporação foi imprecisa ao informar a autoridades do governo inclusive à presidente Michelle Bachelet sobre o perigo de ondas gigantes atingirem o litoral.
O reconhecimento do erro alimentou a crescente onda de críticas à atuação do governo na catástrofe.
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