Quem quiser ter uma ideia do que é trabalhar a centenas de metros de profundidade pode visitar uma hidrelétrica pouco convencional instalada no município de Antonina, no litoral do Paraná. Trata-se da Parigot de Souza, central elétrica subterrânea que pertence à Copel e começou a operar há exatos 40 anos. O acesso à usina – que foi construída a partir da escavação de três grandes cavernas no pé da Serra do Mar – é feito de carro, por um túnel de 1,2 mil metros que "mergulha" morro adentro.

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Não importa o frio que faça ao ar livre. Dentro da central, o termômetro nunca marca menos de 25oC. Fora o desconforto térmico e o ininterrupto zumbido das máquinas geradoras, o lugar não me pareceu opressivo. Os amplos salões e a iluminação especial, que tenta imitar a luz natural, aliviam um pouco a sensação de clausura. Em comparação à aflição que deve predominar em minas como a do Atacama, a usina de Antonina chega a ser aconchegante. Embora trabalhem nas profundezas do subsolo, os 40 funcionários da Parigot de Souza têm uma rotina "normal" de trabalho. A maioria mora no centro de Antonina e todos almoçam na vila da Copel, do lado de fora da central.

Difícil mesmo foi construir a hidrelétrica, um trabalho que foi muito simular ao executado cotidianamente no setor de mineração – e tão perigoso quanto. Em oito anos, 3,5 mil operários escavaram 22 quilômetros de túneis e cavernas dentro da Serra do Mar, entre a represa do Rio Capivari, em Campina Grande do Sul, e o Rio Cachoeira, em Antonina. Vinte e seis pessoas morreram na construção, em explosões, acidentes de transporte e desabamentos de terra e rocha.

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