O jornalista iraquiano que atirou seus sapatos contra o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, e o chamou de "cachorro" será julgado no próximo dia 31, em Bagdá, disse uma fonte judicial nesta segunda-feira.
Muntazer Al Zaidi, repórter de um canal de TV sunita, está sendo processado por "agressão contra um chefe de Estado estrangeiro em visita ao Iraque", de acordo com Abdul Satar Birqadr, porta-voz do Conselho Judicial Superior do Iraque.
"A Corte Penal estabeleceu 31 de dezembro como data para o julgamento, e uma comissão de três juízes comandará as audiências", disse ele. "O caso não é complicado e espero que o veredicto não demore muito", afirmou.
O primeiro-ministro iraquiano, Nuri Al Maliki, que estava ao lado de Bush quando Zaidi jogou os sapatos, criticou o repórter pelo incidente, mas provavelmente não vai querer se indispor com os muitos admiradores do jornalista, especialmente às vésperas das eleições provinciais de janeiro.
O advogado do réu disse que seu cliente apanhou muito depois do incidente do dia 14, mas um irmão dele disse que Zaidi repetiria a agressão se pudesse.
Uday Al Zaidi, irmão do jornalista, relatou que, em depoimento no domingo a um juiz de instrução, Muntazer Al Zaidi pensou que seria baleado depois de jogar o primeiro sapato.
Como isso não aconteceu, "me deram tempo de jogar o segundo", teria dito o jornalista, segundo o relato do irmão. "Se o relógio voltasse, eu faria a mesma coisa outra vez."
A "sapatada" - da qual Bush se esquivou - foi comemorada por populares no Oriente Médio, e o julgamento deve receber grande atenção. Num sinal do caráter sensível desse caso, as autoridades iraquianas abriram uma exceção e vão permitir acesso total da mídia ao julgamento.
Uday Al Zaidi, que visitou seu irmão por mais de uma hora no local secreto em que ele é mantido, dentro da Zona Verde (bairro fortificado de Bagdá), disse que "os sinais de tortura estavam claros no rosto e no corpo dele."
De acordo com o depoente, seu irmão perdeu um dente, machucou o nariz e tem arranhões em braços e pernas.
Parente de Zaidi chegaram a declarar que ele estava com um braço quebrado, mas depois recuaram.
Uday Al Zaidi disse que seu irmão foi torturado para dizer que alguém o convenceu a jogar os sapatos em Bush. Sem entrar em detalhes, Maliki referiu-se no domingo a um suposto cúmplice ou investigador que seria conhecido por cortar cabeças.
O primeiro-ministro vem tentando apaziguar os ânimos a respeito do destino do jornalista. No domingo, ele se reuniu com jornalistas e prometeu justiça nesse caso -- mesmo que isso signifique a eventual libertação de Zaidi.
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