Após se revelar o autor de uma série de vazamentos da Agência de Segurança Nacional (NSA) e de programas de espionagem secretos dos Estados Unidos, Edward Snowden foi condenado pelos republicanos e recebeu ameaças do diretor da Inteligência do país de ser processado. Enquanto os defensores das liberdades civis classificaram o ato de Snowden de heroico e corajoso, os republicanos pediram a sua extradição de Hong Kong. A decisão de ir para a cidade chinesa, no entanto, pode não salvá-lo, devido a um tratado de extradição em vigor desde 1998.
A Casa Branca, que havia confirmado na última semana a existência de programas de vigilância do governo americano revelados pelo jornal britânico The Guardian, não reagiu imediatamente à revelação da fonte dos vazamentos. Mas Peter King, o presidente da Comissão de Segurança Interna da Câmara, pediu a extradição de Snowden de Hong Kong.
"Se Edward Snowden vazou de fato os dados da NSA como ele afirma, o governo dos Estados Unidos devem processá-lo em toda a extensão da lei e iniciar um processo de extradição para a data mais próxima", afirmou King em comunicado. "Os Estados Unidos devem deixar claro que nenhum país deve conceder este asilo individual. Este é um assunto de consequência extraordinária para a inteligência americana".
Um porta-voz do diretor Nacional de Inteligência, James Clapper, disse que o caso de Snowden foi encaminhado para o Departamento de Justiça e pela Inteligência dos Estados Unidos, que deu início à investigação criminal e estava avaliando os danos causados pelas divulgações.
"Qualquer pessoa que tem uma autorização de segurança sabe que ele ou ela tem a obrigação de proteger as informações confidenciais e cumprir a lei", afirmou o porta-voz Shawn Turner.
Em uma entrevista ao jornal britânico, o jovem, de 29 anos, afirmou que se refugiou em um hotel de Hong Kong e citou "a sólida tradição de liberdade de expressão" nesta cidade, esperando que as autoridades não o extraditasse para os Estados Unidos. Ele também revelou que pretendia pedir asilo ao governo da Islândia, país com reputação de apoiar "os que defendem a liberdade na internet".
Os Estados Unidos e Hong Kong, porém, assinaram o tratado de extradição em 1996, um ano antes da ex-colônia britânica ser devolvida à China. O acordo permite a troca de suspeitos de crimes em um processo formal que também pode envolver o governo chinês.
O tratado entrou em vigor em 1998 e prevê que as autoridades de Hong Kong podem apreender Snowden por 60 dias, seguido de um pedido dos EUA que inclui os motivos da retenção, enquanto Washington se prepara para um pedido formal de extradição. Alguns advogados com experiência em extradições afirmam que seria um desafio para Snowden contornar o tratado, se o governo dos EUA decide processá-lo.
Snowden tinha uma autorização ultrassecreta para operar sistemas de computadores da Agência de Segurança Nacional, mas ele era um terceirizado, contratado pelo gigante de defesa dos EUA Booz Allen Hamilton. A empresa emitiu uma declaração classificando as revelações de "chocante" e comprometendo-se a cooperar com qualquer investigação.
"As notícias de que este indivíduo vazou informações confidenciais são chocantes e, mais precisamente, esta ação representa uma grave violação do código de conduta e valores fundamentais de nossa empresa. Nós vamos trabalhar em estreita colaboração com os nossos clientes e autoridades em sua investigação sobre este assunto".
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