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Edward Snowden, 29, o homem que revelou o monitoramento de dados e telefonemas feito pelos Estados Unidos, terminou apenas o ensino médio e entrou nas agências de inteligência como segurança. A única experiência com informática era de um cursinho que fez para poder completar os créditos na escola.

O técnico foi funcionário do governo americano por mais de dez anos. Começou na CIA (Agência Central de Inteligência, sigla em inglês) e estava há quatro anos na Agência Nacional de Segurança (NSA), onde descobriu a existência do monitoramento das ligações da Verizon e do sistema PRISM.

Antes disso, em 2003, alistou-se no Exército e começou a fazer o programa de treinamento para as Forças Especiais. "Eu queria lutar no Iraque porque eu me sentia como se tivesse a obrigação ajudar as pessoas a se livrarem da opressão. Muitos dos nossos treinadores estavam mais preocupados em matar árabes".

Depois disso, conseguiu seu primeiro trabalho na NSA, como segurança na unidade da Universidade de Maryland. Em seguida, foi transferido para a CIA, onde também foi vigia, mas do centro de tecnologia da informação. Foi onde diz ter conhecido seu talento para a programação de computadores e da internet.

Quatro anos depois, foi deslocado para Genebra, na Suíça, como técnico em manutenção de sistemas de segurança, o que lhe permitiu o acesso a documentos confidenciais. A partir dessa facilidade, pôde ver os documentos, que deram suas primeiras preocupações éticas.

No ano seguinte, Obama era eleito presidente dos Estados Unidos, prometendo diminuir a interferência causada pelo Código Patriótico, aprovado por George W. Bush. "Votei em um terceiro partido, mas eu acreditava nas promessas de Obama. Ele continuou com as políticas de seu antecessor".

Em 2009, virou funcionário terceirizado da NSA em uma base militar no Japão. "Foi quanto eu assisti como Obama avançou as políticas que eu achava que seriam freadas. Eu fiquei em choque", afirmou.

Há três semanas, Snowden está em um hotel em Hong Kong, a espera de que fossem revelados os segredos, na semana passada. Ele diz ter saído só três vezes de seu quarto, onde fez todas as refeições e cobre a porta com travesseiros para evitar que seja ouvido.

Para prevenir a câmeras ocultas, digitas senhas de acesso cobrindo seu computador com um roupão, por medo de câmeras ocultas. Evita telefones e mantém todo o tempo televisão e sites de notícias ligados, para ver a repercussão dos documentos que entregou aos jornais "Guardian" e "Washington Post".

Na agência, tinha um salário mensal de US$ 20 mil (R$ 42 mil), tranquilidade financeira e morava com sua namorada em uma casa no Havaí. Ele diz ter revelado os segredos por convicção: "Se eu fosse motivado por dinheiro, teria vendido os documentos para outro país e ficaria rico".

Quando deixou o local, deu uma desculpa vaga à sua mulher. "Não é uma situação incomum para quem passou a última década trabalhando no mundo dos serviços de inteligência".

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