A secretária de Estado norte-americana, Condoleezza Rice, chega à Rússia nesta segunda-feira para tentar reajusta o relacionamento abalado por diferenças em relação a Kosovo e a mísseis de defesa, que provocaram advertências sobre a possibilidade de uma nova Guerra Fria.
Autoridades russas dizem que estão se preparando para negociações calmas e positivas com Rice durante seus dois dias de visita, em contraste com o tom duro entre Moscou e Washington nos últimos meses.
Mas Moscou advertiu que as conversas não serão ditadas pela visitante norte-americana.
"Sempre pedimos conversas francas dos nossos parceiros americanos e para não forçarem seus pontos de vista a outros", disse à Reuters Mikhail Kamynin, porta-voz-chefe do ministério das Relações Exteriores da Rússia.
"Não precisamos de reuniões de informações, mas sim de trabalho conjunto e de uma busca conjunta por soluções."
Rice deverá encontrar-se com o presidente russo, Vladimir Putin, com o ministro das Relações Exteriores, Sergei Lavrov, e com outras autoridades.
Ela é a autoridade de maior escalão dos EUA a visitar Moscou desde que Putin assustou o Ocidente com um discurso, feito em fevereiro na cidade de Munique, criticando a política exterior de Washington.
O secretário de Defesa dos EUA, Robert Gates, disse depois que o discurso reativou suas memórias da Guerra Fria e advertiu contra uma volta àquela era.
ESPECTACULAR
As diferenças entre EUA e Rússia estão tão fortes que há pouca chance de avanço em temas importantes, disse Fyodor Lukyanov, editor do jornal Russia in Global Affairs.
Mas ele disse que os encontros de Rice podem ajudar a tirar parte da hostilidade na atmosfera entre Moscou e Washington.
"Não haverá briga", disse Lukyanov. "Como regra, quando acontece um encontro...ambos os lados tentam não dizer coisas desagradáveis sobre o outro. Eles tentam aliviar o impacto do restante da viagem."
O secretário de Estado assistente dos EUA, Daniel Fried fez uma declaração franca na semana passada, quando disse: "Tivemos algumas diferenças espetaculares com a Rússia recentemente."
As desavenças sobre o futuro da província de Kosovo, na Sérvia, e as objeções russas ao plano dos EUA de construir partes de um sistema de defesa de mísseis na Polônia e na República Tcheca são alguns dos problemas.
No mês passado, Putin esquentou a situação ao dizer que a Rússia havia retirado seu compromisso com um tratado de controle de armas convencionais, em medida considerada uma resposta ao plano de mísseis dos EUA.