O governo de facto de Honduras e representantes do presidente deposto Manuel Zelaya se preparam nesta quarta-feira para iniciar uma rodada-chave de negociações sob a mediação de uma missão da Organização dos Estados Americanos (OEA) na tentativa de pôr fim a uma grave crise política que divide o país.
O presidente de facto hondurenho, Roberto Micheletti, pediu na noite de terça-feira uma negociação entre as partes do conflito, mas Zelaya voltou a expressar desconfiança em relação às verdadeiras intenções de seu rival, e insistiu que sua volta ao poder é inegociável.
"Solicitamos esclarecer a atitude suave e complacente dos delegados da OEA com o regime de facto, submetendo-se à agenda estabelecida por Micheletti sem levar em conta o presidente legítimo", disse o presidente deposto em comunicado divulgado nesta quarta-feira.
A missão de chanceleres da OEA, liderada pelo secretário-geral da entidade, José Miguel Insulza, chegou a Tegucigalpa na manhã de quarta-feira com o desafio de resolver a pior crise política da América Central em décadas.
"Meu governo convoca uma mesa de negociações para abordar com novo espírito os temas que de alguma maneira já foram objeto de consideração em documentos de trabalho no diálogo de San José", disse Micheletti em discurso em cadeia nacional de rádio e televisão sem citar o nome de Zelaya.
O presidente deposto, que se abrigou na embaixada brasileira em Tegucigalpa após voltar clandestinamente ao país há mais de duas semanas, considerou que a convocação do governo de facto é uma manobra protelatória porque não considera restaurá-lo no poder.
Zelaya, um empresário madeireiro de 57 anos, cuja surpreendente aproximação com o presidente venezuelano, Hugo Chávez, irritou tanto governistas quanto opositores, tem uma ordem de prisão contra si por supostamente ter violado a Constituição ao tentar abrir caminho para sua reeleição.
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