Cinco dias após o fim de um longo exílio autoimposto, ainda não estão claros os motivos que levaram o ex-ditador Jean-Claude "Baby Doc" Duvalier a retornar ao Haiti. O silêncio de Baby Doc, que evitou jornalistas e não fez nenhum pronunciamento, deu lugar a todo tipo de teoria conspiratória na imprensa haitiana. O pano de fundo é quase sempre a crise eleitoral.

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Segundo uma rádio comunitária, a volta do ex-ditador "só pode ser obra" do presidente René Préval, figura altamente impopular no país. Préval teria atraído Duvalier ao Haiti e, quando Baby Doc mordeu a isca, o presidente - em fim de mandato e acuado pelas graves acusações de fraude no primeiro turno - deu uma demonstração de força, levando-o a uma Corte de Justiça. Com a manobra, explicava o apresentador, Préval teria tentado ganhar tempo e fôlego político para assegurar a presença no segundo turno de seu candidato à presidência, o tecnocrata Jude Celestin.

Outros acham que é o cantor e também candidato Michel Martelly quem está por trás da reaparição de Duvalier no Haiti. De acordo com o jornal Nouvelist, Martelly "mandou vir" Baby Doc para consolidar seu apoio entre os quadros históricos do duvalierismo que ainda controlam parte da burocracia do Estado. O ex-ditador declararia apoio ao cantor e a aliança renderia a Martelly os votos necessários para levá-lo à eleição.

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Desde que os principais países presentes no Haiti e a ONU protestaram contra os indícios de fraude no primeiro turno, o processo eleitoral haitiano caiu num complicado impasse. Sob pressão, o governo haitiano solicitou que uma comissão da Organização dos Estados Americanos (OEA) fosse formada para apurar as acusações de irregularidade.

Após um mês, o grupo de investigação concluiu que o resultado divulgado pelo Comitê Eleitoral Provisório do Haiti deveria ser alterado. Martelly, que tinha ficado em terceiro lugar, entraria no segundo turno para enfrentar a líder na corrida presidencial, a ex-primeira-dama Mirlande Manigat, em detrimento do governista Celestin, que deveria ser eliminado da disputa. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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