A Rússia aceitou nesta segunda-feira retirar completamente suas tropas da Geórgia dentro de um mês, mas a promessa não inclui as regiões separatistas da Ossétia do Sul e Abkházia, agora considerados países independentes por Moscou.
As forças russas invadiram a Geórgia há um mês em reação à tentativa georgiana de retomar à força o controle da Ossétia do Sul, que desde a década passada já gozava de autonomia sob proteção russa.
O Ocidente reagiu com indignação, temendo a instabilidade em importantes rotas de abastecimento de combustível, e após alguns dias de guerra a França conseguiu mediar um cessar-fogo.
Após quatro horas de conversa num castelo nos arredores de Moscou, os presidentes Dmitry Medvedev (Rússia) e Nicolas Sarkozy (França) anunciaram a retirada de centenas de soldados ainda estacionados em zonas-tampão dentro do território incontestavelmente georgiano.
"Se tudo isso acontecer conforme indicamos... significará que em pouco mais de um mês um conflito que poderia ter tido consequências humanas muito piores terá acabado. Quero dizer que as armas vão se calar", disse Sarkozy em entrevista coletiva.
Enquanto a Rússia busca um tom conciliador com a UE, cliente dos seus recursos energéticos, as relações com os EUA pioraram ainda mais na segunda-feira, com o anúncio de exercícios navais russos no Caribe, maior movimentação desse tipo desde o fim da Guerra Fria. Os EUA, por sua vez, anunciaram a rescisão de um acordo nuclear civil bilateral.
Ao deixar a reunião com Sarkozy, Medvedev deixou claro que não vai recuar na decisão de reconhecer a independência da Ossétia do Sul e Abkházia. Mais do que isso, a chancelaria russa anunciou o estabelecimento formal de relações com as duas repúblicas.
"Quanto ao reconhecimento, para nós a questão está encerrada. Do ponto de vista do direito internacional, para nós dois novos Estados surgiram", disse Medvedev, prometendo ainda cooperação em vários níveis, inclusive militar.
Medvedev disse que aceitou retirar tropas da Geórgia porque a França, em nome da UE, ofereceu garantias de que Tbilisi não tentará novamente recuperar os territórios à força.
A retirada também depende do envio de uma força internacional, inclusive com cerca de 200 integrantes da UE, para monitorar as tropas russas, segundo nota divulgada pelo Kremlin.
A Rússia diz que só enviou tropas porque precisava evitar um genocídio nas regiões separatistas por parte das forças da Geórgia, cujo governo é aliado do Ocidente e pleiteia uma vaga na Otan.
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
Deputados da base governista pressionam Lira a arquivar anistia após indiciamento de Bolsonaro
A gestão pública, um pouco menos engessada