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Paris - O governo russo criticou ontem a França por ter entregue armas aos rebeldes líbios e pediu que o governo francês forneça maiores detalhes sobre o assunto, in­­cluindo uma posição oficial de Paris. Até o momento porta-vo­­zes militares e o embaixador fran­­cês na Organização das Nações Unidas (ONU) confirmaram a entrega de armamentos, mas não houve declarações do presidente Nicolas Sarkozy.

"Esperamos a resposta. Caso seja confirmado, seria um grave descumprimento da resolução 1970 da ONU, que foi aprovada por consenso", disse o chanceler russo, Serguei Lavrov.

A Rússia se absteve durante a votação no Conselho de Segu­­rança da ONU que aprovou a im­­plementação da zona de exclusão aérea sobre a Líbia como forma de proteger civis e vem reiterando reservas quanto ao uso da força no país.

No início do mês, Lavrov criticou as ações da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) ao dizer que "pela força não po­­demos fazer nada" e que o me­­lhor seria travar um acordo para "edificar a nova Líbia".

A filha

A Líbia está envolvida em negociações diretas e indiretas com rebeldes que tentam derrubar Muamar Kadafi, segundo afirmação da filha do líder líbio, embora a oposição sediada em Benghazi descarte novos contatos com Trípoli.

Aisha Kadafi também disse, em entrevista transmitida on­­tem pela emissora de tevê France 2, que seu pai – contra quem o Tribunal Penal Internacional emitiu nesta semana um mandado de prisão – é um guia do povo líbio e não tem razão para deixar o país.

"Há negociações diretas e indiretas, e devemos deixar de derramar o sangue líbio", afirmou Aisha por meio de um in­­térprete em um hotel de Trí­­poli. "E para isso estamos preparados para nos aliar com o diabo, ou seja, com os rebeldes armados."

Aisha é advogada e tem 35 anos. Não ficou claro quando a entrevista foi gravada. Os rebeldes disseram na semana passada que tiveram contatos com o go­­verno, mas que o mandado internacional de prisão contra Kadafi e contra um filho dele inviabilizaria novos contatos.

Apesar da rebelião e dos bombardeios da Organização do Tra­­tado do Atlân­­tico Norte (Otan), iniciados há 90 dias, Kadafi se recusa a deixar o po­­der, que ocupa há 41 anos.

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