Homenns armados, provavelmente do Exército russo, caminham em uma base militar em Perevalnoye, próximo da Criméia| Foto: REUTERS/Vasily Fedosenko

Polícia prende 4 após confronto com morte no leste da Ucrânia

A polícia prendeu quatro pessoas no leste da Ucrânia acusadas de incentivar confrontos entre manifestantes rivais nos quais um homem foi morto, informou o ministro do Interior nesta sexta-feira (14). Os confrontos foram o pior incidente de violência na ex-república soviética desde a derrubada do presidente pró-Rússia Viktor Yanukovich no mês passado.

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John Kerry tenta negociar crise na Crimeia em Londres

O secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry, está em Londres para se reunir com o ministro de Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, na tentativa de aliviar a crise sobre a região da Crimeia. A dois dias do referendo que pode decidir o anexo da península ucraniana ao território russo, ainda há esperança por parte dos norte-americanos de que a situação possa ser revertida.

Até agora, Moscou tem resistido à pressão dos EUA e os seus aliados europeus para reduzir sua intervenção militar na Crimeia. Hoje, o próprio Ministério de Relações Exteriores do país disse que "se reserva ao direito de proteger o povo da Ucrânia".

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Premiê ucraniano acusa Rússia de agressão militar sem motivos na ONU

No mesmo dia em que a Rússia começou a realizar exercícios militares na fronteira com a Ucrânia, o primeiro-ministro do país, Arseni Yatseniuk, acusou Moscou de "agressão militar sem motivos" em discurso no Conselho de Segurança da ONU. O premiê exortou o governo russo a retirar suas tropas da Crimeia e a iniciar um diálogo.

"Meu país sofreu uma agressão militar de um membro permanente do Conselho de Segurança sem qualquer motivo. É completamente inaceitável no século 21 resolver qualquer tipo de conflito com tanques, artilharia e soldados", afirmou Yatseniuk.

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Pouco antes de um encontro em Londres entre ministros de Estado da Rússia e dos Estados Unidos para tratar a crise na Ucrânia, o Ministério das Relações Exteriores da Rússia elevou o tom da tensão. Uma declaração da chancelaria nesta sexta-feira (14) afirmou que o país se reserva o direito de defender seus compatriotas na Ucrânia. "Consciente de sua responsabilidade pela vida dos compatriotas e concidadãos na Ucrânia, a Rússia se reserva o direito de defendê-los", disse uma declaração da chancelaria russa.

Enquanto isso, um navio russo descarregou tropas, caminhões e ao menos um veículo blindado para transporte de pessoal em um baía perto de Sebastopol, na Crimeia, nesta sexta-feira, à medida que Moscou continua ampliando sua presença militar na península ucraniana. Um jornalista da Reuters viu caminhões saindo do navio Yamal 156 na baía de Kazachaya, perto de Sebastopol. Um caminhão estava transportando um veículo blindado.

Na segunda-feira, um jornalista da Reuters viu uma coluna de ao menos 100 veículos russos, incluindo caminhões e blindados para transporte de tropas e artilharia móvel, em uma estrada na mesma área. O local pertence à Ucrânia e fica a cerca de 15 quilômetros do porto de Sebastopol, que Moscou arrenda da Ucrânia para sediar sua frota do mar Negro.

Autoridades da Crimeia favoráveis à Rússia negam a presença de tropas russas na península fora da base de Sebastopol, apesar de os homens mascarados que cercam as instalações militares ucranianas dirigirem veículos com placas russas e de se identificaram aos soldados ucranianos como tropas russas.

A Marinha da Rússia disse nesta sexta-feira que caças de combate começaram exercícios de treinamento sobre o mar Mediterrâneo, um anúncio que deve elevar a tensão com a Ucrânia a respeito do futuro da Crimeia. O porta-voz da Marinha Vadim Serga disse à agência de notícias Interfax que as incursões começaram a partir do porta-aviões Almirante Kuznetsov, que chegou na semana passada ao Chipre, e que o treinamento inclui táticas para atingir alvos aéreos e outras técnicas de batalha.

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Entre as aeronaves envolvidas no treinamento estão caças de defesa aérea Sukhoi SU-33 e helicópteros Kamov Ka-27.

Os voos vão continuar se as condições climáticas forem favoráveis, disse Serga. Ela não mencionou a crise com a Ucrânia sobre a península da Crimeia, no mar Negro, que foi tomada por forças russas.

A Marinha dos Estados Unidos enviou um destróier com mísseis teleguiados, o USS Truxtun, para o mar Negro, no que disse se tratar de um deslocamento de rotina previsto antes da crise com a Ucrânia.

Os moradores da Crimeia vão votar no domingo (16) sobre a adesão à Rússia ou por uma maior autonomia da Ucrânia, um passo que autoridades pró-Rússia dizem que seria um trampolim para se unir a Moscou no futuro.