A secretária amricana de Estado, Condoleezza Rice, afirmou nesta quarta-feira (13), em entrevista coletiva, que a Rússia enfrentará um profundo isolamento se violar o cessar-fogo acertado com a Geórgia.
- Não estamos em 1968, quando a Rússia invadiu a Tchecoslováquia. A Rússia não pode ameaçar seus vizinhos, ocupar uma capital e sair impune - disse Rice referindo-se ao envio de tropas russas a Praga naquele ano para deter o movimento reformista que ficou conhecido como "Primavera de Praga".
- É hora de acabar com isso para que a Rússia possa sair do atoleiro em que se meteu. A Rússia passou seriamente dos limites - afirmou.
O presidente russo, Dmitri Mdvedev, anunciou nesta terça-feira um cessar-fogo horas antes de aceitar o plano de paz proposto pela união Européia com o objetivo de colocar um ponto final no conflito com a Geórgia, que já deixou milhares de mortos.
No entanto, o governo da Geórgia denunciou que as tropas russas continuavam a realizar operações militares e que teriam invadido a cidade de gori e cercado a capital, Tbilisi.
- Se de fato a Rússia está violando o cessar-fogo, e devo dizer que as informações não são esperançosas em relação a isso, só servirá para aprofundar o isolamento para o qual o país está caminhando. Moscou deve terminar agora com suas operações militares - afirmou.
Condoleezza disse ainda acreditar que os russos sabem que se levarem a situação ao limite haverá conseqüências significativas para a posição do país no sistema internacional.
Mais cedo, no sinal de apoio mais importante dado por Washington desde o início do conflito entre russos e georgianos pelo controle da província separatista da Ossétia do Sul, o presidente George Bush disse que enviaria Condoleezza Rice à França e à Geórgia para discutir a violência na região.
Bush fez o pronunciamento depois de o presidente georgiano, Mikhail Saakashvili,ter afirmado que a posição americana era "demasiadamente suave" em relação ao conflito, exigindo que os EUA "fossem além das palavras". Esta manhã, Bush falou com Saakashvili e, no pronunciamento, reiterou que os EUA apóiam o governo "democraticamente eleito da Geórgia".
- Insistimos que a soberania e integridade territorial da Geórgia têm que ser respeitados.
Em Moscou, o chanceler russo, Sergei Lavrov, respondeu ao pronunciamento de Bush afirmando que os EUA devem se decidir entre uma parceria com Moscou ou com a liderança georgiana, a qual descreveu como "projeto virtual".
O chanceler russo, por sua vez, disse entender que a atual liderança georgiana é um projeto especial dos EUA.
- Mas um dia terão de se decidir entre defender seu prestígio sobre um projeto virtual ou uma parceria real que requer ação conjunta - disse Sergei Lavrov à imprensa.
Lavrov criticou Washington pelo "jogo perigoso" que faz no Cáucaso, apoiando o presidente georgiano Mikhail Saakashvili. Segundo ele, o discurso de Bush não disse nada sobre como a Geórgia foi armada todos estes anos, "inclusive pelos próprios EUA", disse o ministro.
- Avisamos mais de uma vez aos nossos parceiros que este é um jogo perigoso. Ele não disse nada sobre o que aconteceu no dia 8 de agosto, quando os líderes ocidentais fizeram silêncio quando Tskhinvali (capital da Ossétia do Sul) foi alvo de pesados bombardeios - disse Lavrov.
Rice se encontrará, primeiro, com nicolas Sarkozy
A secretária de Estado americana, Condoleezza Rice, viajará primeiro à França, onde se reunirá com o presidente francês, Nicolas Sarkozy, que atua como mediador europeu. Em seguida, vai à Geórgia, onde transmitirá pessoalmente às autoridades o apoio "incondicional dos EUA ao governo democrático da Geórgia".
- Nessa viagem, Rice continuará nossos esforços por unir o mundo livre em defesa de uma Geórgia livre - afirmou.
Envio de ajuda humanitáriaNo pronunciamento na Casa Branca na manha desta quarta-feira, o presidente americano, acompanhado por Rice e o secretário de Defesa, Robert Gates, anunciou também que está enviando ajuda humanitária à Geórgia, exigindo que a Rússia mantenha "todas as vias de comunicação e transporte" abertas para que a juda possa chegar ao povo georgiano.
Segundo o presidente, um avião C-17 já está a caminho da Geórgia e que nos próximos dias aviões e navios da Marinha transportarão mais ajuda ao país. A cordenação da missão ficará a cargo de Gates e deverá ser "rigorosa e contínua".
- Esperamos que a Rússia cumpra seu compromisso de deixar entrar toda forma de ajuda humanitária. Esperamos que garanta que todas as vias de comunicação e transporte, incluindo portos, aeroportos, rodovias e o espaço aéreo sejam mantidos abertos para o translado da assistência humanitária e ao trânsito civil - afirmou.
- Para 22% dos russos, guerra é culpa dos EUA
- Presidente da Geórgia eleva o tom das acusações contra a Rússia
- Pentágono não planeja assumir controle de portos na Geórgia
- Bush oferece apoio diplomático e humanitário a Geórgia
- Rússia diz que abateu aviões espiões da Geórgia na capital da Ossétia do Sul
- Rússia diz que EUA têm de optar entre parceria com Moscou ou com Tbilisi
Vai piorar antes de melhorar: reforma complica sistema de impostos nos primeiros anos
Nova York e outros estados virando território canadense? Propostas de secessão expõem divisão nos EUA
Ação sobre documentos falsos dados a indígenas é engavetada e suspeitos invadem terras
“Estarrecedor”, afirma ONG anticorrupção sobre Gilmar Mendes em entrega de rodovia