A Rússia se posicionou nesta sexta-feira perante a ONU contra as tentativas de acusar o governo da Síria sem provas pelo uso de armas químicas e ressaltou sua oposição ao uso internacional de força no Oriente Médio.
"O uso de armas químicas é inadmissível. No entanto, isto não significa que ninguém possa usurpar o direito de acusar e emitir veredictos", advertiu o ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov, em seu discurso perante a Assembleia Geral das Nações Unidas.
Lavrov, que centrou na Síria a maior parte de seu discurso, disse que o uso de armas químicas na guerra civil síria deve ser investigado "de forma profissional e neutra", e depois examinado pelo Conselho de Segurança da ONU "exclusivamente sobre os fatos, não em alegações".
Além disso, Lavrov criticou o Ocidente pelas tentativas de determinar "quem é legítimo e quem não é" entre os regimes do Oriente Médio e do Magrebe, assim como por decidir que parte deve ser apoiada e "ditar do exterior receitas pré-fabricadas para a transformação democrática".
"A experiência dessas intervenções pela força em anos recentes demonstrou que são ineficientes", afirmou. Trata-se, acrescentou, de "um caminho extremamente perigoso que conduz à erosão dos alicerces da ordem mundial atual".
Lavrov destacou ainda a satisfação de seu país pelo acordo para seguir a via diplomática para o desmantelamento das armas químicas da Síria e pediu o lançamento de uma conferência para criar uma zona livre de armas de destruição em massa no Oriente Médio. O ministro russo advertiu também que as tentativas de simplificar os eventos recentes no mundo árabe como "a luta da democracia contra a tirania" ocultaram o auge do terrorismo e sua extensão por outras áreas, como demonstra o recente ataque contra um shopping no Quênia.
Lavrov ressaltou também a importância de conseguir uma solução "à questão palestina" e confiou que os líderes israelenses e palestinos "assumirão sua responsabilidade" para aproveitar o momento crítico alcançado com o reatamento das conversas diretas de paz no último mês de julho.
Também apostou na negociação para resolver as diferenças sobre o programa nuclear iraniano, e insistiu, em linhas gerais, que a opção do diálogo multilateral no marco das Nações Unidas é a melhor forma de substituir o antigo mundo bipolar da Guerra Fria.
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