A Rússia surpreendeu a comunidade internacional nesta quinta-feira apresentando um projeto de resolução ao Conselho de Segurança da ONU condenando a violência na Síria perpetrada por "todas as partes", segundo uma cópia do texto ao qual a AFP teve acesso.
A Rússia, como aliado-chave do presidente sírio, Bashar al Assad, tentou frear a intervenção do Conselho de Segurança na crise síria e, junto à China, vetou uma resolução do conselho proposta pelos países europeus em outubro para condenar os ataques de Assad contra os manifestantes, os quais segundo a ONU deixaram 5.000 mortos.
No entanto, a Rússia pediu uma reunião de emergência das 15 nações sobre a Síria para propor uma nova resolução que os diplomatas ocidentais qualificaram como inaceitável, mas que afirmaram ser negociável.
A proposta condena a violência perpetrada "por todas as partes, incluindo o uso desproporcional da força por parte das autoridades sírias" e também expressa preocupação com o "fornecimento ilegal de armamento para os grupos armados na Síria".
Nesta quinta-feira, a secretária de Estado, Hillary Clinton, disse que os Estados Unidos esperam poder trabalhar com a Rússia no tema.
"Estudaremos cuidadosamente a proposta. Esperamos poder trabalhar com os russos", disse Hillary aos jornalistas.
Por sua vez, o embaixador da França nas Nações Unidas, Gérard Araud, qualificou o fato como "extraordinário" e comemorou a decisão da Rússia de sair da inação, em um comunicado divulgado pelo site da missão.
"O texto que nos foi apresentado é um texto que merece evidentemente muitas emendas, porque está desequilibrado. Mas é um texto sobre o qual podemos negociar", completou o diplomata francês.
Outro diplomata de um país ocidental afirmou, sob condição de anonimato, que o texto "é por enquanto, do nosso ponto de vista, desequilibrado".
Os diplomatas russos não estiveram disponíveis para comentar a proposta.
Nesta quinta-feira, operações das forças de segurança contra a população civil e ataques de desertores contra militares deixaram 29 mortos na Síria. Um relatório da ONU informou dias atrás que desde março passado a onda de protestos opositores e a violenta repressão já deixaram mais de 5.000 mortos.
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