Sabotagens afetaram o sistema ferroviário na França e causaram enormes atrasos nos serviços, já afetados por uma greve de transportes que completa oito dias. No mesmo dia, um choque entre dois trens na ilha de Córsega deixou pelo menos 30 feridos. Agora, com a paralisação enfraquecia, a maioria dos funcionários ferroviários está de volta ao trabalho, e começam a retomar o diálogo com o governo sobre a reforma no sistema de aposentadorias, contra a qual se opõem.
- Ações ocorreram ao mesmo tempo na rede ferroviária de alta velocidade - disse à rádio RTL Guillaume Pepy, segundo no comando da companhia da estatal SNCF. - Estamos enfrentando um ato coordenado de sabotagem das instalações, com o objetivo de impedir o esperado retorno do tráfego (ferroviário).
Pepy não especificou quem estaria por trás da sabotagem, mas a administração da SNCF havia dito que ativistas de sindicatos poderiam tentar prejudicar a rede para impedir uma volta à normalidade. Os sindicatos de ferroviários negaram envolvimento nas sabotagens, e afirmaram que os atos "inadmissíveis" foram cometidos para atrapalhar as negociações com o governo.
Segundo o executivo, incêndios criminosos danificaram cabos na linha leste da rede dos trens de alta velocidade (TGV), impedindo trens de rodar desde as 6h (3h, horário de Brasília). No lado oeste da rede, "um incêndio muito significativo" danificou 30 km de sinalizações, de acordo com Pepy.
Os trens de alta velocidade, que circulam entre Paris e vários pontos do país, foram desviados para trilhos normais. A SNCF previu que a sabotagem provocaria atrasos de três horas em outros pontos da rede, responsável pela maior parte do trânsito entre grandes cidades da França.
Na manhã desta quarta-feira, o governo, sindicatos e patrões devem retomar negociações para tentar encerrar a greve que prejudicou o tráfego ferroviário nacional e atingiu o transporte público em Paris desde 14 de novembro.
O presidente Nicolas Sarkozy declarou na terça-feira que não cederia quanto à reforma das aposentadorias, mas indicou estar disposto a negociar em outras áreas e pediu o fim da paralisação nos transportes. A reforma prevê o fim de privilégios para alguns setores do funcionalismo público.
Professores, empregados do correio e outros funcionários públicos da França uniram forças com os trabalhado res do setor de transporte na terça-feira para desafiar os planos de reforma de Sarkozy. Além dos trens, as manifestações nacionais sobre questões que vão da reforma no sistema previdenciário ao aumento do custo de vida atrapalharam o funcionamento de escolas, agências postais e aeroportos. Elas representam a maior ameaça às reformas pretendidas por Sarkozy desde que o presidente foi eleito, em maio.