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Recorde

Salto da estratosfera serviu de testes para traje espacial turístico

Além da Nasa, os dados obtidos por Baumgartner interessam também às empresas que estão desenvolvendo táxis espaciais e à FAA (Administração Federal de Aviação dos EUA) | Reuters/Red Bull Stratos/Divulgação
Além da Nasa, os dados obtidos por Baumgartner interessam também às empresas que estão desenvolvendo táxis espaciais e à FAA (Administração Federal de Aviação dos EUA) (Foto: Reuters/Red Bull Stratos/Divulgação)

O salto estratosférico do paraquedista austríaco Felix Baumgartner pode ajudar a determinar se turistas espaciais precisariam usar trajes semelhantes ao que o protegeu na hora de romper a barreira do som.

"Não foi só uma suave penetração da barreira do som", disse o médico de Baumgartner, Jonathan Clark, na segunda-feira (15), quando o paraquedista e sua equipe comemoraram o recorde da véspera, quando ele saltou de uma altura de 39 quilômetros e caiu de pé na localidade de Roswell, Novo México.

"Foi um mach 1,24. Nossas equipes de recuperação em solo em quatro locais diferentes escutaram o estrondo sônico", disse Clark, ex-paraquedista militar de altas altitudes e médico da Nasa, com experiência na criação de sistemas de fuga para astronautas dos ônibus espaciais.

Baumgartner saltou de 39.044 metros de altura, e chegou a 1.342 quilômetros por hora antes de abrir os paraquedas. A velocidade do som naquela altitude era de cerca de 1.110 quilômetros por hora.

O objetivo dele era quebrar recordes - maior altura do salto, mais rápida queda livre, maior balão a levar uma pessoa ao céu -, mas o fato também foi atentamente acompanhado por médicos, engenheiros e cientistas que trabalham para aumentar as chances de sobrevivência em casos de acidentes envolvendo voos espaciais e aeronaves de altas altitudes.

Clark conhece bem esses perigos. Sua mulher, a astronauta Laurel Clark, morreu em 2003 na explosão do ônibus espacial Columbia, a 61.173 metros de altitude. Antes, ele havia trabalhado na investigação do acidente de 1986 com o ônibus Challenger.

Além da Nasa, os dados obtidos por Baumgartner interessam também às empresas que estão desenvolvendo táxis espaciais e à FAA (Administração Federal de Aviação dos EUA), que supervisiona a ainda incipiente indústria dos voos espaciais comerciais, e está decidindo se os trajes espaciais devem ser obrigatórios para turistas em voos de alta altitude.

Durante seu mergulho no vazio, Baumgartner vestiu um traje feito especialmente para a ocasião, semelhante aos macacões pressurizados que astronautas dos EUA começaram a usar após o desastre do Challenger.

Até domingo (14), esses trajes nunca haviam sido testados num voo supersônico, nem haviam sido homologados para uso acima de 100 mil pés (30.480 metros), altitude alcançada em 1960 pelo recordista anterior da queda livre, Joe Kittinger.

"Felix demonstrou que é possível penetrar na barreira do som", disse Clark. "Ele não foi apenas transônico, ele foi hipersônico. Ir a mach 1,24 é incrível. Está muito mais além do que qualquer limite de resistência humana."

Segundo ele, essa experiência poderia ser útil, por exemplo, no caso de um acidente após o lançamento de uma nave, em que os astronautas precisassem se ejetar.

Baumgartner contou que, isolado dentro do traje pressurizado, não sentiu o rompimento da barreira do som.

"Era como nadar sem tocar na água. Eu estava voando até embaixo para retomar o controle. Eu tinha muita pressão na minha cabeça, mas não senti que iria desmaiar. Senti que conseguia aguentar."

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