Paris - O governo do presidente da França, Nicolas Sarkozy, obteve ontem uma primeira vitória na sua intenção de reformar a Previdência, com a aprovação do projeto na Assembleia Nacional (câmara baixa). O texto, porém, ainda precisa do aval do Senado.
Embora esperada, uma vez que Sarkozy tem maioria na Casa, a aprovação representa importante endosso ao presidente, acossado por opositores da medida além de um escândalo de corrupção e acusações de xenofobia e espionagem.
Após conturbada sessão, que começou na terça-feira e atravessou a noite, o texto foi aprovado por 329 votos a 233.
A expectativa é que o Senado o aprecie em outubro e que, até novembro, o projeto esteja aprovado definitivamente.
A reforma prevê, entre outros pontos, a elevação da idade mínima para aposentadoria de 60 para 62 anos; do tempo de contribuição de 40 para 41,5 anos; e da idade para obter aposentadoria integral de 65 para 67 anos.
O encarregado de defender o projeto ante os parlamentares foi o ministro do Trabalho, Eric Woerth, acusado de envolvimento em caso de financiamentos ilegais na campanha de Sarkozy.
Durante a discussão, parlamentares trocaram acusações, com governistas acusando a oposição de apelar a manobras procedimentais para atrasar a votação e opositores acusando o governo de atropelar o regimento para obter aprovação ao texto. "A batalha não está perdida, afirmou a socialista Ségolène Royal, derrotada por Sarkozy nas eleições de 2007. "A resposta terá de ser muito, muito forte. É uma reforma injusta e perigosa, afirmou.
Atualmente, o sistema previdenciário da França datado de 1983, ainda sob o governo François Miterrand possui uma das menores idades mínimas da Europa, e Paris afirma que o Estado não pode seguir bancando um regime cujo déficit deverá chegar aos 45 bilhões de euros (R$ 100 bilhões) até 2020.
O governo pretende, com a reforma, equilibrar as contas da Previdência até 2018 e deter o déficit público, que chegou a 8% após a crise global.
Protestos
O projeto, considerado o mais importante do governo de Sarkozy que enfrentará eleição em dois anos , tem, porém, forte resistência popular e de sindicatos.
Milhares de pessoas convocadas pelas centrais sindicais aglomeraram-se ontem em frente à Assembleia Nacional para protestar contra a aprovação da reforma. "É importante estar aqui, em um dia no qual o Parlamento está votando uma lei que não é correta para os trabalhadores, disse um porta-voz da central CGT.
No último dia 7 foi realizaram a maior greve geral do atual mandato, afetando sobretudo o setor público. Nova paralisação foi convocada para o dia 23.
Segundo pesquisas, mais de 60% da população deseja que o governo faça mais concessões no projeto original.