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Há alguns meses, essa era a questão dominante na Venezuela e na campanha presidencial do país. Agora, a luta de Hugo Chávez contra o câncer mal é mencionada à medida que se aproxima a eleição, marcada para 7 de outubro, na qual ele tentará a reeleição. Os rumores sobre a saúde de Chávez foram reduzidos a praticamente nada, enquanto os eleitores se preparam para decidir quem será o líder da Venezuela - e o controlador de suas vastas reservas de petróleo - pelos próximos seis anos.

Famoso por criticar o "império" norte-americano, Chávez enfrenta o candidato Henrique Capriles, advogado e governador de 40 anos, que prometeu pôr fim às estatizações e criar empregos atraindo o investimento privado. Chávez quer aprofundar a sua revolução e diz estar curado do câncer, após três operações em Cuba desde junho de 2011. Mas os detalhes sobre o câncer e a localização exata dos tumores permaneceram em sigilo, exceto para alguns confidentes, incluindo o mentor de Chávez, o ex-líder cubano Fidel Castro.

A saúde de Chávez deixou de ser uma questão eleitoral quando ficou claro, em julho, que o ex-paraquedista de 58 anos estava ficando mais forte e era praticamente certo que viveria ao menos até a eleição de outubro.

"Ele parou de falar sobre isso e a oposição decidiu que seria melhor vencer com uma mensagem de mudança e de recuperação do que falando sobre a saúde de Chávez", disse o empresário Rafael Cubillan, de 71 anos, tomando um drinque em um café de Caracas.

"Seria melhor se os eleitores tivessem todos os fatos antes de irem às urnas", acrescentou ele. "Mas Chávez vem da estrutura vertical de comando dos militares. Ele diz às suas tropas apenas aquilo que eles precisam saber para lhe ajudar a obter o resultado que ele quer."

O presidente intensificou sua agenda de campanha e parece saudável, embora um pouco inchado. O cabelo cresceu depois da quimioterapia que o deixou careca no ano passado.

Ele ainda não anda muito nas ruas, preferindo aparecer nos palanques ou em cima de um veículo apelidado de "Chavezmóvel" nos comícios - bem distante das campanhas que fez no passado, durante as quais mal dormia.

Mas ele é visto em público várias vezes por dia, beijando crianças em eventos de campanha e cantando durante os discursos que podem durar horas. Além disso, tem se mostrado combativo como sempre foi.

Condição

Todo mundo - dos eleitores das favelas de Caracas aos executivos das empresas estrangeiras de petróleo ansiosos por explorar as reservas oceânicas de petróleo da Venezuela - foi deixado às escuras no que diz respeito à condição exata de Chávez.

Uma fonte médica da Venezuela com conhecimentos sobre o tratamento dele disse que o presidente foi declarado "em remissão" pelos médicos cubanos após várias rodadas de radioterapia. "Eles continuam lhe dando muitos medicamentos para acelerar a recuperação física dele, o que se reflete no humor e na aparência dele", disse a fonte.

Médicos afirmam que a declaração de Chávez de que está totalmente curado é irreal, dado que é preciso passar dois anos sem recorrência para que esteja claro de que ele está curado. Muitos médicos venezuelanos suspeitam que Chávez esteja tomando esteróides e sendo submetido a outros tratamentos para parecer e se sentir melhor e para ajudá-lo a manter o ritmo de campanha. Eles afirmam que isso poderá criar mais problemas de saúde, caso ele se esforce muito.

Se Chávez vencer a reeleição, qualquer sinal de fragilidade provavelmente alimentará especulações sobre seu estado e sobre os cenários da sucessão, deixando os mercados nervosos. A Venezuela tem as maiores reservas de petróleo do mundo. A relação do governo venezuelano com a Colômbia também é essencial para a estabilidade da região andina.

Chávez desfrutou de simpatia nas pesquisas de opinião quando apareceu a questão sobre sua saúde, mas com a proximidade das eleições, ele percebe que as sugestões de fragilidade física não ajudam a ganhar votos.

Questionado sobre sua saúde na semana passada, Chávez afastou a questão, dizendo: "Estou bem, como você pode ver olhando para mim." Por outro lado, passou horas respondendo a outras questões, refletindo seu desejo de afastar as atenções sobre o câncer.

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