A Organização dos Estados Americanos (OEA) começou suas gestões diplomáticas para tentar restituir o deposto presidente de Honduras, Manuel Zelaya, ao cargo, apesar da forte oposição do governo interino hondurenho, chefiado por Roberto Micheletti.
O secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, anunciou que vai viajar para Honduras nesta sexta-feira (3) com alguns integrantes de sua equipe.
O objetivo é negociar com o governo interino que controla o país desde o golpe de estado que derrubou o presidente Manuel Zelaya no último domingo e empossou o presidente do Congresso, Roberto Micheletti.
Zelaya, que foi expulso do país após o golpe, prometeu voltar durante este fim de semana, apesar de uma ordem de prisão emitida contra ele por "traição à pátria" e outros crimes.
Insulza fez o anúncio em Georgetown, capital da Guiana, durante reunião de nações caribenhas sobre a situação em Honduras. A OEA, a exemplo do restante da comunidade internacional, condenou o golpe e exigiu a recondução imediata de Zelaya ao poder.
Se Zelaya não for restituído à presidência, Honduras poderá ser suspensa da OEA. Insulza, no entanto, mostrou-se pessimista nesta quinta com a possibilidade de que os golpistas hondurenhos devolvam o poder até o sábado. O secretário-geral adjunto da OEA, Albert Ramdin, disse à AP que o organismo não abriu negociações com o governo de Micheletti, ao qual não reconhece. "Não vamos negociar", disse Ramdin.
"Queremos ver uma volta do presidente Zelaya ao seu país em circunstâncias seguras e incondicionais", afirmou. Em Tegucigalpa, o vice-presidente do Congresso de Honduras, Ramón Velázquez, disse à AP que a comissão técnica da OEA, que avaliará a situação política de Honduras, chegará à capital hondurenha ainda nesta quinta-feira. O vice-presidente da administração Zelaya, Aristides Mejía, pediu nesta quinta um "acordo político" em declarações à emissora de rádio HRN e propôs inclusive ao governo de Micheletti "apagar tudo com a borracha" e começar de novo, desde que seja aceita a volta de Zelaya ao poder sem "nenhuma condição".
Manifestações
Em Tegucigalpa, milhares de pessoas se manifestaram nesta quinta em apoio a Zelaya e contra a suspensão de algumas garantias individuais durante o toque de recolher, que vigora das 22h às 5h. "Existe mobilização em âmbito nacional. Vamos esperar a 'Mel', vamos estar onde ele chegará", disse Juan Barahona, um dirigente do movimento de apoio a Zelaya na manifestação. "Mel" é o apelido de Zelaya, um diminutivo do seu primeiro nome, Manuel. A polícia lançou bombas de gás lacrimogêneo no começo da manifestação e tentou sem sucesso dispersar o protesto. As informações são da Associated Press e da Dow Jones.
Deixe sua opinião