O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Yukiya Amano, pediu nesta segunda-feira (20) uma revisão de segurança global para que sejam evitados novos desastres nucleares, mas reconheceu que tendo em vista que a AIEA carece de autoridade para obrigar o cumprimento de medidas, quaisquer melhorias só serão eficazes se os países decidirem aplicá-las.
Amano também foi alvo de críticas de Fereidoun Abbasi, diretor do programa nuclear iraniano, que pediu que a agência se concentre em assuntos de segurança nuclear e pare de dar atenção a "questões marginais e sem fundamento", já que a AIEA tem estudado a fundo as denúncias de que o Irã busca a construção de armas nucleares.
As declarações de Amano durante uma reunião de ministros de governo e outros delegados dos 151 membros da AIEA refletem o fato de que a maioria dos países querem que novas medidas de segurança sejam voluntárias e que seu trabalho seja observado apenas por países que têm reatores nucleares.
"Até mesmo os melhores padrões de segurança são inúteis, a menos que sejam realmente implementados", disse Amano.
A ministra francesa da Ecologia, Nathalie Kosciusko-Morizet, forte opositora de regulações exteriores, disse durante a reunião que "a implementação dos padrões atuais de segurança depende, obviamente, da boa vontade de cada país, já que a segurança nuclear é primordialmente uma responsabilidade nacional".
Um relatório da AIEA compilado por especialistas internacionais antes da conferência em Viena refletiu as limitações de se depender da adesão voluntária. O documento responsabilizou o Japão por não ter implementado uma série de medidas de segurança e recomendações da AIEA nos últimos anos, o que levou ao desastre de Fukushima.
Perguntado, fora da reunião, se gostaria que a AIEA tivesse a mesma autoridade contra os países infratores que a agência já tem contra países que proliferam armas nucleares, que inclui o envio ao Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), Amano disse: "Eu não excluo essa possibilidade."
A declaração adotada pela conferência também mostrou que os participantes da reunião estavam dispostos a elevar as atuais práticas de segurança e medidas de emergência sem conferir à AIEA o poder de exigir o cumprimento da lei.
O documento pede um compromisso para "fortalecer o papel central da AIEA na promoção da cooperação internacional e na coordenação dos esforços internacionais para fortalecer a segurança nuclear global, ao fornecer expertise e aconselhamento neste campo e na promoção da cultura da segurança nuclear em todo o mundo".
Delineando um projeto de cinco pontos para fortalecer a segurança de reatores nucleares, Amano pediu o reforço dos padrões da AIEA e a certeza de que eles serão aplicados; o estabelecimento de revisões regulares de segurança em todos os reatores; o reforço dos organismos nacionais de regulação; o fortalecimento dos sistemas de resposta globais de emergência e o aumento de recursos para emergências.
Amano também pediu que a Escala Internacional de Acidentes Nucleares, mais conhecida como INES, que classifica incidentes nucleares numa escala de sete pontos, seja renovada.
O acidente de março na usina Daiichi foi elevado para sete - o nível mais alto da escala - apenas no dia 12 de abril, mais de um mês depois do terremoto de magnitude 9 e do devastador tsunami que atingiu os sistemas de resfriamento do reator de Fukushima, que deram início ao vazamento de radiação para a atmosfera.
Falando pelo Japão, o ministro da Economia, Banri Kaieda, afirmou que seu país "tomará medidas drásticas para assegurar o maior nível de segurança" para sua rede de reatores. As informações são da Associated Press.
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