Separatistas pró-Rússia retomaram os ataques contra forças ucranianas no complexo de um aeroporto no leste da Ucrânia nesta segunda-feira (19), depois de Kiev lançar uma grande operação para reconquistar território perdido no local, o que a Rússia classificou como um "erro estratégico". Autoridades ucranianas disseram que três soldados foram mortos e outros 66 ficaram feridos nas últimas 24 horas, durante as quais afirmaram que as linhas de batalha no aeroporto voltaram à situação do violado plano internacional de paz.
A Rússia demonstrou preocupação com o que chamou de escalada de Kiev e publicou seu próprio plano de paz nesta segunda-feira na forma de uma carta do presidente russo, Vladimir Putin, ao seu colega ucraniano, Petro Poroshenko, o qual Moscou diz ter recusado o documento.
A carta de Putin conclama medidas urgentes para retirar armas de alto calibre da zona de conflito. "Isso agora é uma prioridade absoluta", afirmou um comunicado do Ministério das Relações Exteriores russo. "É o maior erro estratégico das autoridades ucranianas apostar em uma solução militar para a crise", disse o vice-ministro das Relações Exteriores russo, Grigory Karasin, segundo a agência de notícias Interfax. "Isso pode levar a consequências irreversíveis para o Estado ucraniano".
A liderança da Ucrânia insiste para que Moscou se atenha ao plano de paz de 12 etapas acordado em Minsk em setembro, que diz não ter sido violado por sua contra-ofensiva no aeroporto, desencadeada depois que as tropas pareceram ficar cercadas dentro do complexo.
O porta-voz militar ucraniano, Andriy Lysenko, afirmou que a situação ainda é muito tensa nos arredores do aeroporto, que tem um valor simbólico para os dois lados, e que os separatistas continuam atacando forças do governo ali e em outras partes do leste.
Uma fonte militar declarou à Reuters que até 25 tanques russos cruzaram a fronteira perto de Luhansk, um dos bastiões dos rebeldes. Desde que os planos para uma nova rodada de conversas de paz na semana passada foram abandonados, os combates recomeçaram na Ucrânia.
Em Bruxelas, ministros das Relações Exteriores da União Europeia disseram que agora não é o momento de aliviar as sanções econômicas contra a Rússia, apesar das propostas conciliadoras da chefe de política externa da UE, Federica Mogherini.
Mogherini havia sugerido que os países-membros poderiam começar a conversar novamente com a Rússia a respeito de uma variedade de temas se Moscou implementasse acordos de paz, mas Estados linha-dura como a Lituânia afirmaram que isso enviaria a mensagem errada a Putin a de que a determinação do bloco está fraquejando.
Além de um cessar-fogo, o acordo de Minsk pediu a retirada de grupos armados e de combatentes estrangeiros, assim como de equipamento militar o que, para Kiev, significa armas e sistemas de foguetes que afirma estarem sendo fornecidos pelos russos aos rebeldes. A Rússia nega o envolvimento de seus soldados e o envio de equipamento militar aos separatistas. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 4.800 pessoas foram mortas desde a irrupção do conflito em abril passado.