Em uma conversa de 45 minutos com um dos piratas somalis a bordo do navio ucraniano Faina - com 30 tanques, armas, munições e 22 reféns, seqüestrado na semana passada no Golfo de Aden - é clara a sensação de que os criminosos não imaginavam que o ataque se transformaria em um incidente de proporções internacionais, como mostra matéria publicada nesta quarta-feira (1) no jornal O Globo.
Cerca de 30 tanques de infantaria, artilharia antiaérea e munição pesada fizeram com que as marinhas americana e russa enviassem navios de guerra para a região para cercar os piratas, temendo que mãos erradas pudessem ter acesso ao armamento. Segundo o Pentágono, o cerco assustou os seqüestradores, que entraram em confronto entre si, o que teria resultado na morte de três deles. O porta-voz dos piratas nega as baixas, mas diz que não imaginava que o navio tinha armas. Segundo ele, o grupo quer apenas o dinheiro do resgate.
- Sabemos que existem navios que carregam armamento na região, mas não sabíamos que esse tinha armas. Não estamos interessados nelas, só queremos dinheiro - disse Sugule Ali, que está no navio ucraniano e deu entrevista por meio de um telefone via satélite.
A embarcação está cercada por um navio americano e um russo, além de helicópteros, prontos para atacar a qualquer momento. O medo, no entanto, é que a ação se transforme em um banho de sangue de reféns. O destino do carregamento é controverso. A primeira versão indicava que as armas iriam para o Quênia, mas autoridades africanas denunciaram ontem que o armamento seguia para o governo autônomo do sul do Sudão, o que viola leis internacionais sancionadas pela ONU. Depois do seqüestro, o temor dos EUA é que elas tenham como destino grupos insurgentes ou terroristas na África. Já a Rússia, segundo fontes diplomáticas, estaria disposta a resolver logo o caso para abafar o destino do carregamento.
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