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Representantes da Sérvia e da Bósnia reivindicaram nesta terça-feira a custódia do ex-líder bósnio Ejup Ganic, preso nesta segunda em Londres sob acusações de crimes de guerra, o que inflamou ainda mais as tensões étnicas entre as duas nações.

O pedido de prisão ocorre em um momento no quak outro ex-líder servo-bósnio, Radovan Karadzic, é julgado pelo tribunal da ONU em Haia, também por crimes cometidos durante a guerra entre sérvios étnicos e bósnios muçulmanos.

A Sérvia irá solicitar a extradição imediata de Ganic nesta terça, segundo autoridades, o que já foi feito pela Bósnia. Cerca de 8 mil muçulmanos étnicos foram mortos no massacre de Srebrenica, em julho de 1995, durante a guerra entre os dois países balcânicos.

De acordo com o ministra da Justiça sérvio, Snezana Malovic, Ganic é suspeito de ter ordenado a morte de 40 soldados iugoslavos que retornavam de Sarajevo no início da guerra.

O pedido de extradição da Sérvia incluirá acusações de crimes cometidos por Ganic "contra feridos e doentes, além de assassinatos ilegais e uso de métodos ilegais de combate".

O porta-voz da Procuradoria da Bósnia, Boris Grubesic, afirmou que está sob investigação no país em razão das mortes por quarto anos. Nenhum dos dois países, no entanto, acusou formalmente o ex-líder.

Em Haia, o ex-líder servo-bósnio Radovan Karadzic disse nesta segunda durante seu julgamento no Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia (TPII) que o cerco a Sarajevo durante a guerra da Bósnia (1992-1996) e o massacre de Srebrenica são "mitos" forjados por muçulmanos bósnios.

Segundo Karadzic, guerrilheiros muçulmanos mataram seu próprio povo para forçar uma intervenção ocidental na Bósnia.

O acusado pediu uma revisão histórica do cerco de 44 meses, o maior de uma capital na história moderna. Entre 1992 e 1996, Sarajevo foi alvo de morteiros e mísseis. Estima-se que 10 mil pessoas morreram, entre elas 1,5 mil crianças.

Cerca de 8 mil muçulmanos étnicos foram mortos no massacre de Srebrenica, em julho de 1995. Segundo Karadzic, estas cifras são inverossímeis. "Em quatro anos de guerra a região não teve mais de 3 mil mortos", disse.

Karadzic disse que "a ameaça" muçulmana foi criada em 1991, às vésperas de sua própria ascensão como presidente da República Sérvia da Bósnia pelo Partido Sérvio Democrático (SDS).

Segundo o acusado, os sérvios fizeram "todas as concessões possíveis" para conviver com os muçulmanos bósnios e croatas, incluindo acordos, mas, na assembleia de 24 de outubro de 1991, viram claramente quais eram seus "inimigos e ameaças".

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