O ex-primeiro-ministro paquistanês Nawaz Sharif retirou seu partido da coalizão governista do país nesta segunda-feira (25), aprofundando uma crise política responsável por afastar o governo dos problemas econômicos e de segurança enfrentados pelo Paquistão.
A manobra ocorreu apenas uma semana depois de os partidos da coalizão terem comemorado a renúncia do presidente Pervez Musharraf, ameaçado pelos governistas de ser tirado do cargo por meio de um processo de impeachment.
Segundo Sharif, o partido da primeira-ministra assassinada Benazir Bhutto, que lidera a coalizão, havia descumprido várias promessas a respeito da solução de uma disputa judicial e a respeito de quem deve ser o próximo presidente do Paquistão.
"Sentimos, portanto, que essas omissões e essas violações nos obrigam a retirar nosso apoio à coalizão governista e passar para o lado da oposição", disse o ex-premiê em uma entrevista coletiva.
A debandada da legenda de Sharif não levaria a uma nova eleição geral já que o Partido do Povo Paquistanês (PPP), de Bhutto, deve conseguir apoio suficiente a fim de se manter no poder, afirmaram analistas.
Com a renúncia do presidente, a coalizão, formada depois de os aliados de Musharraf terem sido derrotados na eleição geral de fevereiro, mostrou-se cada vez mais instável.
O PPP e o partido de Sharif eram rivais declarados nas décadas de 1980 e 1990, quando Bhutto e o ex-premiê foram ambos escolhidos duas vezes como primeiro-ministro. No entanto, mais recentemente, as legendas encontraram um terreno em comum ao fazerem oposição a Musharraf.
A saída de Sharif, de toda forma, mina a lógica da aliança deles, disseram analistas.
O ex-premiê retirou seus ministros do gabinete de governo depois de ter chegado ao fim um prazo para que fossem recolocados em seus cargos juízes afastados por Musharraf.
Sharif ameaçou várias vezes sair da coalizão e, na semana passada, elegeu a segunda-feira como data final para que suas reivindicações fossem atendidas.
Segundo analistas, o PPP está relutante em reinstalar os juízes em parte devido à suspeita de que o presidente do tribunal máximo do país poderia aceitar a denúncia contra a anistia conferida a Ali Zardari (chefe daquele partido) e a outros líderes da legenda em meio a um caso de corrupção.
Antes de Musharraf tê-los tirado do cargo, os juízes - e o ex-presidente do tribunal em particular - mostravam-se bastante dispostos a desafiar a legalidade de várias medidas adotadas pelo governo dele, uma tendência que o PPP, agora no governo, não vê com muito entusiasmo.
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