O presidente do Paquistão, Pervez Musharraf, importante aliado dos EUA na luta contra o terrorismo, vai renunciar nesta segunda-feira para evitar o impeachment. Ele havia ascendido ao poder em 1999, num golpe de Estado. "Que eu ganhe ou perca, a nação vai perder", disse o ex-general, de 65 anos, em pronunciamento de uma hora na TV, no qual defendeu ardorosamente sua história.
"A honra e dignidade do país serão afetadas e, na minha opinião, a honra do cargo de presidente também será afetada", acrescentou. O impasse político e a incerteza em torno de Musharraf haviam afetado os mercados financeiros deste país de 165 milhões de habitantes, que possui armas nucleares.
Havia preocupação no exterior de que, diante da crise política, Islamabad estivesse se distraindo do combate à militância islâmica. Musharraf está politicamente acuado desde que uma aliança oposicionista venceu as eleições de fevereiro e formou um novo governo. Fontes da coalizão haviam dito na semana passada que o presidente exigira imunidade parlamentar em troca da renúncia - embora no discurso ele tenha dito: "Não quero nada de ninguém, não tenho nenhum interesse, deixo meu futuro nas mãos da nação e do povo".
A notícia fez a bolsa paquistanesa subir 4 por cento e a rupia se valorizar, depois de ter perdido um quarto do seu valor neste ano. "(A renúncia) elimina a incerteza no mercado, e acho que a incerteza política está terminando", disse Asad Iqbal, diretor-gerente da empresa Ismail Iqbal Securities. "Tomara que o governo comece a se concentrar na economia. Do ponto de vista econômico, eles não têm desculpas agora e têm de realizar."
No pronunciamento, Musharraf fez duras críticas às políticas econômicas da nova coalizão, contrapondo-a à prosperidade que ele diz ter gerado desde 1999.
O novo gabinete havia se decidido há duas semanas pela saída de Musharraf, e desde então havia intensas maquinações políticas. O poderoso Exército, que governou o Paquistão durante mais de metade dos seus 61 anos de história independente, manteve-se publicamente afastado da polêmica envolvendo seu ex-comandante.
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
Deputados da base governista pressionam Lira a arquivar anistia após indiciamento de Bolsonaro
Otan diz que uso de míssil experimental russo não vai dissuadir apoio à Ucrânia
Deixe sua opinião