O primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, concluiu na noite desta segunda-feira uma jogada política ousada, que promete mudar profundamente o equilíbio de poder em seu país. Em seu primeiro pronunciamento público sobre sua saída do partido conservador Likud, Sharon apresentou-se como a figura política disposta a fazer o que a legenda não estaria disposta a permitir: trabalhar para estabelecer as fronteiras permanentes entre Israel e os territórios palestinos - o que para ele, hoje, implica concessões. Para isso, está fundando um novo partido, que está sendo chamado de "Responsabilidade Nacional".
Mais cedo, Sharon pedira a dissolução do Parlamento e a antecipação das eleições ao presidente Moshe Katsav. Isso se deve não apenas a sua decisão de sair do Likud. A maioria no Parlamento de que gozava e dependia para se manter no cargo foi desfeita com a decisão do Partido Trabalhista de deixar o governo, após a eleição do sindicalista Amir Peretz como seu novo líder, em lugar de Shimon Peres.
- Vamos trabalhar para estabelecer a fronteira permanente do país, enquanto insistimos no desmantelamento de grupos terroristas - disse o premier. - O novo movimento que estou fundando hoje vai servir ao povo de Israel por muitos anos. Nosso caminho vai dar a Israel esperança real de um governo estável, prosperidade, quietude e paz.
Com um sorriso relaxado no rosto, Sharon disse que 14 "pessoas corajosas" já integram o novo partido. Ele não disse se todos são egressos do Likud, mas sabe-se que muitos ministros e parlamentares estão entre eles.
Sharon reiterou que não tinha mais planos de retirada unilateral, como fez neste ano da Faixa de Gaza. Mas que, eventualmente, alguns dos assentamentos da Cisjordânia terão que ser retirados. Sharon se disse comprometido com o mapa da paz, o plano patrocinado por Estados Unidos, União Européia, Rússia e Nações Unidas. O plano prevê uma série de passos mútuos que culminarão com a criação de um Estado palestino.
- Permanecer no Likud significa perda de tempo em conflitos políticos no lugar de atividades para o bem do Estado - disse Sharon, na entrevista coletiva em que justificou sua saída do partido.
Sharon foi um dos fundadores do Likud, nos anos 70, e liderou o partido nos últimos seis anos. Sua decisão pela retirada unilateral de Gaza, porém, desencadeou uma rebelião interna.
Pouco antes da entrevista do premier, o Knesset (parlamento) israelense aprovou oito moções preliminares, aprovando a dissolução e a antecipação.
Pela lei eleitoral, o presidente Katsav poderia procurar um parlamentar disposto a formar em torno de si uma coalizão com maioria simples no Knesset, para governar o país até a data prevista das eleições, novembro de 2006. Mas, depois da votação parlamentar, Katsav disse que pretende acatar o desejo dos deputados, que aprovaram a realização de eleições em 28 de março.
- Meu objetivo é que, durante o período até as eleições, o Estado continue a operar apropriadamente. As mãos do primeiro-ministro não podem estar atadas - disse o presidente.
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