O ex-presidente de Israel e prêmio Nobel da Paz Shimon Peres faleceu na madrugada desta quarta-feira (28), aos 93 anos, notícia que provocou uma onda de homenagens em memória de um dos pais fundadores do Estado de Israel.
“Com uma profunda tristeza, hoje nos despedimos de nosso pai amado, o nono presidente de Israel, Shimon Peres”, disse à prensa, entre lágrimas, seu filho Chemi, no hospital Tel Hashomer de Ramat Gran, na região de Tel Aviv.
Peres faleceu no hospital às 3h (21h de Brasília, terça-feira), em razão de um acidente vascular cerebral, informou seu médico pessoal e genro, Rafi Walden.
“Ele nos deixou sem sofrer”, disse à imprensa. Estava cercado por sua família.
O ex-presidente sofreu em 13 de setembro um acidente vascular cerebral (AVC) grave por hemorragia. Desde então, estava sedado e sob respiração assistida na unidade de tratamento intensivo do hospital Tel-Hashomer de Ramat Gan.
Com a morte de Shimon Peres, desaparece o último integrante da geração dos pais fundadores do Estado de Israel. Ele também foi um dos principais artífices dos acordos de Oslo (leia mais abaixo), que estabeleceram as bases para a autonomia palestina nos anos noventa e lhe valeram o Nobel da Paz. Peres ganhou o prêmio em 1994 junto com Yitzhak Rabin e Yasser Arafat “por seus esforços a favor da paz no Oriente Médio”.
A solução de dois Estados coexistindo em paz - israelense e palestino - “é o único caminho possível para acabar com o terrorismo, a violência e o ódio”, disse na ocasião.
A morte de Peres coincide com um período sombrio no processo de paz entre israelenses e palestinos, pelo qual tanto lutou: não há perspectiva de solução à vista e a ideia de que os Acordos de Oslo estão sepultados ganha força.
De falcão a homem da paz
Presente nas grandes batalhas da curta história do Estado hebreu e em suas agudas controvérsias políticas, Peres mudou sua imagem de guerreiro para a de um político de consenso, sendo considerado um “sábio” da nação. Ele era visto como um falcão trabalhista quando foi ministro da Defesa, nos anos 70, e apoiou a criação das primeiras colônias judaicas na Cisjordânia ocupada.
Teve participação crucial no fomento da indústria bélica de Israel, e também era considerado o “pai” do programa nuclear hebreu, propiciando a construção do reator de Dimona.
“Não tenho qualquer dúvida de que Dimona conferiu a Israel uma dimensão dissuasiva. Para mim, Dimona foi o primeiro passo para Oslo”, disse em 2014.
Acordos de Oslo
No dia 13 de setembro de 1993, o líder palestino Yasser Arafat e o primeiro-ministro israelense Yitzhak Rabin confirmaram com um aperto de mãos, em Washington, o primeiro acordo de paz, do qual Shimon Peres, na época ministro das Relações Exteriores, havia sido um dos principais artífices. O acordo foi fruto de 14 encontros secretos entre janeiro e agosto de 1993 em diferentes locais da Noruega, segundo o ministro norueguês das Relações Exteriores da época, Johan Joergen Holst.
Os acordos de Oslo estabeleciam as linhas gerais de uma autonomia palestina de cinco anos nos territórios ocupados, começando pela Faixa de Gaza e pela cidade de Jericó, na Cisjordânia ocupada por Israel.
Na oficialização das negociações, 3 mil convidados - entre eles os ex-presidentes George Bush e Jimmy Carter, oito ex-secretários de Estado, todo o Congresso, a Suprema Corte, ministros das Relações Exteriores de vários países e embaixadores árabes - acompanharam as assinaturas.
Diante de uma solitária bandeira dos Estados Unidos - as de Israel e Palestina brilharam por sua ausência -, o acordo foi assinado em um escritório já histórico, que havia sido utilizado em março de 1979 pelo presidente Anwar al Sadat e pelo primeiro-ministro Menahem Begin para assinar o Tratado de Paz entre Egito e Israel.
Por volta das 11h00, Bill Clinton, mediador e mestre de cerimônias, cercado por Arafat, Rabin, Peres, pelo ministro russo das Relações Exteriores, Andreï Kozyrev, por Mahmoud Abbas, autoridade palestina, e pelo secretário de Estado Warren Christopher, pronuncia um breve discurso de boas-vindas.
Peres e Abbas fazem seus discursos e às 11h43 estampam sua assinatura no primeiro documento de paz entre israelenses e palestinos após décadas de conflito. Imediatamente Bill Clinton aperta a mão de Yitzhak Rabin, a sua direita, e de Yasser Arafat, a sua esquerda.
Arafat prolonga seu movimento e estende uma mão hesitante ao primeiro-ministro israelense que, após um instante de dúvida, estende a sua. No meio, Clinton, sorridente, apoia uma mão nas costas de cada um dos adversários para aproximá-los e acompanhar este histórico aperto de mãos. Neste momento o público aplaude e festeja com beijos e abraços o acordo de paz.
No ano seguinte, Arafat coloca fim a 27 anos de exílio e retorna à Cisjordânia para instalar a Autoridade Palestina, governo autônomo convocado a conduzir à independência. No entanto, em novembro de 1995 Rabin é assassinado por um extremista judeu que queria, segundo declarou ao ser julgado, sabotar qualquer acordo de paz com os palestinos.
Atualmente, 23 anos depois da assinatura dos acordos de Oslo, os palestinos não recuperaram a independência que esperavam e o objetivo da paz está mais distante do que nunca.
Por este acordo, negociado em segredo na Noruega, Peres, Yasser Arafat e Yitzhak Rabin, receberam em 1994 o prêmio Nobel da Paz.
Conanda aprova aborto em meninas sem autorização dos pais e exclui orientação sobre adoção
Piorou geral: mercado eleva projeções para juros, dólar e inflação em 2025
Brasil dificulta atuação de multinacionais com a segunda pior burocracia do mundo
Dino suspende pagamento de R$ 4,2 bi em emendas e manda PF investigar liberação de recursos