A divulgação de relatórios sobre o andamento da guerra no Afeganistão chocou a opinião pública mundial e o eleitorado dos EUA, que passam a cobrar por uma forte correção de rumo do presidente Obama com relação ao Oriente Médio.
Os relatos demonstram algo que as autoridades do país não admitiam: o controle do Afeganistão está cada vez mais difícil, os soldados norte-americanos não estão preparados para o cenário diário do conflito e o aumento das tropas e dos recursos financeiros promovido por Obama não vem surtindo o efeito desejado. Hoje, a situação no país é caótica e não há qualquer sinal de melhora no horizonte. A tendência, ao contrário, é de uma revolta cada vez maior da população afegã, que vem sendo exposta a um cenário de devastação, o que facilita o trabalho dos grupos extremistas, que encontram muitas pessoas dispostas a enfrentar os "soldados invasores".
O caos no país é total e não deve melhorar por duas razões. A primeira é de ordem conjuntural/estrutural; a segunda, individual.
Estruturalmente, em um conflito de longa duração, a tendência é um descontentamento cada vez maior da população local, que passa a não acreditar em uma solução do problema. Militarmente, dificuldades logísticas e operacionais são cada vez mais frequentes, devido ao desgaste natural dos equipamentos e ao esgotamento físico dos soldados. Financeiramente, os EUA já estão sofrendo as consequências dos altos investimentos na guerra, que impedem o país de se restabelecer economicamente.
Além disso, o exército estadunidense, formado exclusivamente por voluntários, não encontra mais indivíduos capazes de enfrentar as mazelas da guerra, apesar dos altos salários oferecidos. O Departamento de Recursos Humanos do Exército americano enfrenta dificuldades no processo de seleção, o que leva à aceitação de candidatos cada vez menos preparados para enfrentar a grande pressão a que os soldados são submetidos.
A tendência, portanto, é de uma situação cada vez mais insustentável e de um processo de retirada feito em meio a uma instabilidade crescente. A ameaça à segurança dos EUA, se já era grande em 2001, será ainda maior quando a guerra terminar.
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