O sobrevivente Jack Rosenthal mostra na pele o número que o indentificava no campo de Auschwitz| Foto: Laszlo Balogh/Reuters

Comemoração

Representantes de mais de 40 países devem participar dos atos

A cerimônia oficial de comemoração do 70º aniversário da libertação do campo de concentração nazista Auschwitz-Birkenau está marcada para começar hoje, às 14h30 (horário de Brasília).

Representantes de mais de 40 países e cerca de 300 sobreviventes participarão dos atos, que contarão com a presença de vários presidentes europeus, como o francês François Hollande, o alemão Joachim Gauck, o ucraniano Petro Poroshenko, o chefe da administração presidencial russa Serguei Ivanov, o secretário americano do Tesouro Jack Lew e o anfitrião, o polonês Bronislaw Komorowski.

São esperados ainda o rei belga Philippe, acompanhado de sua esposa Mathilde, e os soberanos da Holanda, Willem-Alexander e Máxima, assim como vários outros presidentes e primeiros-ministros.

Quem não irá à celebração é Vladimir Putin, depois de o Kremlin ter acusado as autoridades polonesas de não enviarem convite ao presidente russo.

O campo de Auschwitz foi libertado pelo Exército Vermelho soviético no dia 27 de janeiro de 1945, data escolhida pelas Nações Unidas para comemorar o Dia Mundial do Holocausto.

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Fotos dos prisioneiros mortos hoje ocupam as paredes de um longo corredor em Auschwitz
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Sobreviventes de Auschwitz retornaram ontem ao campo de concentração mais mortífero do regime nazista, um dia antes da comemoração do 70.º aniversário da libertação, e enviaram uma mensagem ao mundo: jamais permitam que essa barbárie ocorra novamente.

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Veja imagens do campo de concentração

"Estamos aqui para evitar que o horror que nós vivemos se repita. Essa é a nossa luta, o que nos mantêm de pé", afirmaram os ex-prisioneiros que foram até a cidade polonesa de Oswiecim (Auschwitz, em alemão), onde ficava o campo de extermínio, para recontar suas histórias.

Uma das que sobreviveu ao local é a polonesa Anna Dabrowksa, presa em 1942 por apoiar a resistência e transferida para Auschwitz, onde permaneceu até ser levada a outro campo em janeiro de 1945, pouco antes da chegada das tropas soviéticas.

"Há pouco na Alemanha vi um jovem com uma suástica no braço e isso me surpreendeu, porque é evidente que os movimentos neonazistas voltaram a ter força", alertou Dabrowska.

Junto a outras pessoas que passaram pelos horrores de Auschiwtz, Dabrowska quer que suas lembranças sirvam para que o mundo tome consciência e não permita que isso ocorra outra vez.

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"Morte e sofrimento a níveis inimagináveis", definiu o judeu alemão Leon Schwarzbaum, de 94 anos, confinado no campo de extermínio de 1943 até a libertação.

"Via as pessoas amontoadas nos caminhões, chorando, suplicando, pedindo ajuda a Deus porque estavam conscientes de que aquele era o caminho da morte. Essa visão não me abandonou nunca", relembrou o ex-prisioneiros, que então deixou de crer em Deus.

"Como pode Deus permitir uma atrocidade como essa?", lamentou, enquanto observava com o olhar perdido algumas das fotografias de companheiros de cativeiro, grande parte morta antes da libertação do campo.

"Por isso é importante nossa presença aqui hoje, para mostrar aos que negam o Holocausto que ele aconteceu, que nós fomos testemunhas desse horror, que não deve se repetir", destacou Celina Biniaz, 84 anos, judia americana de origem polonesa.

Ela chegou a Auschwitz junto com sua família, mas teve a sorte de ser resgatada pelo empresário alemão Oscar Schindler. Foi a mais nova (tinha 13 anos na época) dos 1,1 mil judeus salvos da morte por Schindler.

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