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NOVA ORLEANS, Louisiana, EUA - Soldados da Guarda Nacional enviados a Nova Orleans encontraram dezenas de cadáveres no Centro de Convenções Ernest N. Morial, a maioria num congelador - que não funciona desde a passagem do furacão, por falta de energia.

A informação é da edição desta terça-feira do jornal local "The Times-Picayune", que descreve a cena de horror que os soldados mostraram a um de seus repórteres na segunda-feira. Alguns cadáveres exibem sinais de morte violenta. Mas o que os soldados mostraram é apenas uma pequena parcela do árduo trabalho de coleta e contagem de corpos, que mal começou.

O Centro de Convenções serviu de abrigo improvisado para desalojados e desabrigados pelo furacão. Quinze a 20 mil pessoas concentraram-se ao longo de quase uma semana no local, sem comida e água suficientes, sem banheiros que funcionassem e sem a presença de tropas que evitassem brigas e tiros durante noites infernais. Somente no fim de semana, as calçadas lotadas do centro de convenções - onde as pessoas ficavam - começaram a ser desocupadas.

"Não pise nesse sangue. Está contaminado", orientava o soldado Mikel Brooks ao repórter do " Times-Picayune", enquanto apontava para os corpos num refeitório do Centro de Convenções. "Aquele é um garoto. Há outro no freezer, um menino de 7 anos, com a garganta cortada." Adiante, ele apontou um idoso que morreu a pauladas.

Os soldados disseram que há 30 a 40 corpos mantidos no congelador. O aparelho não funciona, mas a porta pesada ajuda a isolar o cheiro terrível que estão exalando.

Segundo o "Times-Picayune", a cena é uma mera amostra do que há por toda Nova Orelans: há incontáveis corpos em decomposição em escolas, casas e abrigos na área metropolitana. Na segunda-feira, quando indagado sobre uma estimativa de pesquisadores de uma universidade da Louisiana de que 10 mil pessoas teriam morrido por causa do furacão e suas conseqüências, o prefeito de Nova Orleans, Ray Nagin, disse que o cálculo era plausível. O secretário de Segurança Interna dos EUA, Michael Chertoff, disse que o país precisa ser preparado para o que está por vir, uma vez que o tamanho da mortandade seja mensurado.

A contagem oficial de corpos na Louisiana estava em 71 na noite de segunda-feira - mas aí estão contados apenas os cadáveres encaminhados ao necrotério improvisado de Saint Gabriel. Com os esforços concentrados no resgate e retirada dos vivos da cidade, somente ontem a tarefa de recolher os corpos começou a ganhar alguma prioridade. Mas, segundo o "Times-Picayune", não há um plano claro de como o trabalho será realizada. "Dezenas de operários de resgate indagados (pela reportagem) disseram que não conheciam protocolo para recolhimento dos corpos; nenhum disse que recolheu um único corpo dos que estão flutuando na cidade, enquanto buscavam por sobreviventes", relata o jornal que, desde a passagem do furacão, tem publicado apenas sua edição eletrônica.

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