Vinte e um soldados da força de paz das Nações Unidas, detidos por rebeldes no sul da Síria durante três dias, entraram na Jordânia neste sábado (9), após uma provação que salientou como a guerra civil síria está aumentando as tensões em suas fronteiras voláteis.
Os soldados filipinos - parte da Força Observadora de Desocupação (Undof, na sigla em inglês) da ONU que monitora a linha de cessar-fogo entre a Síria e Israel nas Colinas de Golã desde 1974 - foram capturados pelos Mártires de Yarmouk na quarta-feira (6).
Eles foram levados pelos rebeldes neste sábado para a fronteira jordaniana, a cerca de 10 quilômetros do vilarejo de Jamla, onde estiveram detidos desde sua captura.
"Estão todos do lado jordaniano agora, e em boa saúde", disse Abu Mahmoud, um rebelde que disse ter cruzado a Jordânia com eles.
Na capital síria, Mokhtar Lamani, que chefia o escritório de Lakhdar Brahimi, mediador entre a ONU e a Liga Árabe, em Damasco, confirmou que os homens cruzaram a fronteira.
A Jordânia pareceu surpresa com a chegada das tropas pacificadoras --que se esperava serem recuperadas por um comboio da ONU na Síria e possivelmente levadas a Damasco-- e a Síria expressou pasmo pela maneira como foram despachados pela fronteira.
A manobra "encorajaria terroristas a repetir esses eventos", declarou o Ministério das Relações Exteriores em Damasco, acrescentando que a Síria cumpriu totalmente com seu compromisso de garantir a segurança dos pacificadores.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, comemorou a libertação dos soldados, mas pediu que "todas as partes respeitem a liberdade de movimento da Undof e a segurança de seu pessoal", segundo seu porta-voz.
Os insurgentes descreveram os soldados presos como "convidados", e afirmaram que eles seriam libertados assim que as forças do presidente sírio, Bashar al-Assad, recuassem do entorno de Jamla e detivessem os bombardeios.
Uma breve trégua foi acordada na manhã deste sábado para permitir a retirada dos pacificadores. Embora o intervalo de cessar-fogo tenha terminado ao meio-dia local, antes que fossem resgatados, a calma relativa prevaleceu tempo suficiente para os rebeldes os levaram até o sul da Jordânia, informaram os insurgentes.
Na sexta-feira, uma iniciativa de resgate foi adiada devido aos bombardeios pesados e abandonada de noite, disse Hervé Ladsous, chefe das forças de paz das Nações Unidas.
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