Soldados mataram 3 adolescentes a tiros na cidade de Daura, num protesto contra supostas fraudes nas eleições presidenciais na Nigéria. Segundo fontes médicas, outras 10 pessoas foram feridas no incidente.
Segundo um observador eleitoral da União Européia, não há como garantir que o pleito - que tem como objetivo selar a primeira transmissão de poder entre dois presidentes civis desde a independência do país, em 1960 - tenha sido limpo.
"Minha avaliação é abertamente negativa", disse o chefe da missão européia de observadores das eleições nigerianas, Max van den Berg.
Os nigerianos foram às urnas neste sábado, mas a violência e o atraso nas votações alimentaram o medo de que essa situação possa colocar em risco a esperança de um avanço democrático na África.
Horas antes da abertura das votações, agressores não-identificados tentaram explodir os escritórios centrais do órgão que regulamenta as eleições na capital Abuja com um caminhão carregado de combustível. Ele bateu em um poste telefônico fora do prédio e não explodiu.
Mais tarde, militantes em uniformes da polícia e do Exército, portando armas, sequestraram uma autoridade eleitoral no Estado de Ondo e roubaram materiais da votação, informou a agência de notícias estatal.
Na noite de sexta-feira, militantes no Delta do Níger, região produtora de petróleo, invadiram o escritório do candidato a vice-presidente do partido governista, ato que a polícia classificou como uma tentativa de assassinato. Ele escapou, mas dois civis foram mortos.
O comissário eleitoral Maurice Iwu culpou "nigerianos desesperados" que querem sabotar a democracia. "Isso faz parte de uma tentativa calculada para fazer com que nos tornemos paranóicos, para que não prossigamos com as eleições", disse.
Testemunhas disseram que as votações tiveram início na cidade de Katsina no horário, às 10h (horário local), mas começaram mais tarde na maior cidade do país, Lagos, e em outras localidades por causa de atrasos no transporte.
Mesmo antes dos casos de violência, havia um pessimismo de que a votação fosse livre e justa após fraudes indiscriminadas em vários lugares durante as eleições regionais há uma semana.
Cerca de 50 pessoas morreram em consequência daquelas votações. Partidos da oposição acusaram na sexta-feira o partido governista Partido Democrático do Povo (PDP) de ter iniciado uma fraude um dia antes da eleição presidencial.
A oposição disse que não tem mais confiança na autoridade eleitoral depois da votação da semana passada, que deu a maioria esmagadora para o PDP.
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