A Nasa celebrou um triunfo vital na madrugada desta terça-feira (5), depois que a sonda Juno conseguiu entrar com sucesso na órbita de Júpiter em uma missão para investigar a origem do sistema solar.
O Jet Propulsion Laboratory da NASA, em Pasadena, Califórnia, explodiu em comemoração quando a sonda alimentada entrou com sucesso na órbita do maior planeta do sistema solar às 3h53 de terça-feira (0h53 Brasília). “Estamos dentro”, gritou Scott Bolton, diretor científico da missão da agência espacial americana. “É quase um sonho que vira realidade”, completou.
A sonda não tripulada e propulsada por energia solar viajou 2,7 bilhões de quilômetros desde seu lançamento, há cinco anos, de Cabo Canaveral, Flórida.
“Este maravilhoso universo que observamos, como funciona e como começou?”, perguntou o cientista da Nasa Steve Levin.
“Essa é uma das maravilhas de trabalhar para a Nasa e trabalhas em grandes projetos. Você chega a responder grandes perguntas”, disse.
Os nove instrumentos da sonda incluem uma câmera, que, antes de começar a orbitar, fez imagens de Júpiter e suas luas em diferentes velocidades.
“Em nossa história nunca fomos realmente capazes de ver o movimento de um corpo celeste contra outro”, disse Bolton, após a exibição do vídeo durante uma entrevista coletiva depois que a sonda entrou em órbita.
“Este é o rei de nosso sistema solar e seus discípulos girando a seu redor”, destacou.
“Para mim, isto é muito significativo. Finalmente somos capazes de ver com um vídeo real, com tomadas reais, este movimento, algo que até agora só havíamos sido capazes de imaginar”, explicou.
Todo o equipamento não essencial da sonda foi desativado para a entrada em órbita, mas as primeiras imagens posteriores devem chegar nos próximos dias, informou a Nasa.
Principais objetivos
Um dos principais objetivos da missão será compreender melhor do que é composto o interior, até agora inobservável, do planeta gigante.
Juno, uma missão de US$ 1,1 bilhão lançada no dia 5 de agosto de 2011, também vai cartografar os campos gravitacionais e magnéticos de Júpiter para determinar sua estrutura interna
A sonda de quase quatro toneladas realizará uma série de 37 sobrevoos em torno de Júpiter, a maior parte entre 10.000 e 4.667 quilômetros sobre a espessa camada nebulosa, durante uma missão científica de 18 meses.
Os sobrevoos de Juno serão muito mais próximos do planeta gigante que o recorde anterior de 43 mil quilômetros estabelecido pela sonda americana Pioneer 11, em 1974.
Depois das duas primeiras voltas de 53,5 dias, Juno se colocará, a partir de outubro, em uma órbita de 14 dias, que a fará passar sucessivamente perto dos dois polos.
Durante seus sobrevoos, os instrumentos da sonda penetrarão a espessa camada de nuvens para estudar as gigantes auroras boreais, sua atmosfera e sua magnetosfera.
Juno não apenas deve ajudar a descobrir os segredos que cercam Júpiter, como também fornecerá novos índices sobre as condições que imperavam no momento do início do sistema solar, quando o planeta gigante estava em formação.
Potenciais riscos
Os responsáveis pela missão advertiram sobre os riscos potenciais para Juno ao se aproximar tanto do planeta. Mencionam principalmente a camada de hidrogênio – 90% da atmosfera – submetida a uma pressão tão grande que atua como um poderoso condutor elétrico.
Segundo os cientistas, este fenômeno combinado com a rápida rotação de Júpiter – um dia no planeta dura apenas 10 horas terrestres – geram um campo magnético muito potente que cerca o planeta e que pode ameaçar a sonda.
Para se proteger das fortes radiações, Juno possui uma sólida armadura de titânio que cobre seus instrumentos eletrônicos, seu computador de bordo e seus cabos elétricos. Com 172 quilos, esta abóbada reduzirá as exposições às radiações 800 vezes em comparação com a parte não protegida.
Juno leva a bordo três estatuetas da LEGO feitas de alumínio. Elas representam Júpiter, o rei dos deuses na mitologia romana, sua esposa e irmã Juno, e Galileu, o cientista italiano que descobriu as quatro grandes luas de Júpiter.
Há mais de 20 anos, a missão Galileu da Nasa permitiu estudar as luas de Júpiter, entre elas a Europa, dotada de um oceano de água sob sua espessa camada de gelo, onde podem existir organismos vivos.
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