No primeiro dia das audiências para solicitar a sua confirmação, a juíza Sonia Sotomayor comprometeu-se a servir "o interesse maior de uma justiça imparcial" se for confirmada sua nomeação para ser a primeira hispânica na Suprema Corte dos Estados Unidos.
"Minhas experiências pessoais e profissionais me ajudam a escutar e compreender, com a lei sempre dirigindo o resultado" disse Sotomayor nesta segunda-feira aos senadores, em audiência transmitida pela televisão norte-americana.
As declarações da juíza foram as primeiras desde que o presidente dos EUA, Barack Obama, a nomeou para a Suprema Corte. Sotomayor nasceu em uma família pobre de imigrantes porto-riquenhos no Bronx e educou-se nas prestigiosas universidades de Princeton e Yale.
A juíza de uma corte de apelações, de 55 anos, falou após várias horas de discursos, nos quais os democratas do Comitê Judicial do Senado a elogiaram como uma hispânica pioneira com as qualidades necessárias para integrar o máximo tribunal norte-americano. Já os republicanos colocaram em dúvida a imparcialidade da juíza, assim como a decisão de Obama em nomeá-la.
Nas suas declarações, Sotomayor disse que "o desenvolvimento da minha vida foi particularmente americano". Ela agradeceu aos pais, imigrantes porto-riquenhos que chegaram a Nova Iorque logo após 1945.
"Quero agradecer em especial à minha mãe. Eu estou aqui graças a ela e às aspirações que tinha para mim e meu irmão Juan". O pai da juíza morreu quando ela tinha oito anos.
A discussão política em torno da questão racial foi evidente, quando o senador democrata Patrick Leahy, presidente do comitê, declarou aberta a sessão.
"Ela foi uma juíza para todos os norte-americanos e será uma juíza para todos", disse.
"Não permitam que ninguém rebaixe esta mulher extraordinária", disse Leahy em advertência aos republicanos do comitê, para que usem com cuidado as palavras nas audiências dos próximos dias.
Em seu discurso de abertura, Leahy fez uma relação entre Sotomayor e outros pioneiros do judiciário, citando Thurgood Marshall, o primeiro negro da Suprema Corte, bem como Louis Brandeis, o primeiro judeu, e Sandra Day O'Connor, a primeira mulher.
A primeira audiência desta segunda-feira só foi prejudicada por um manifestante antiaborto, que invadiu o recinto e protestou contra a senadora democrata Dianne Feinstein, que no momento fazia um discurso. O homem foi retirado do Senado pelos seguranças.
Apesar de todas as dúvidas do Partido Republicano, o senador Lindsey Graham, deste partido, disse a Sotomayor: "A não ser que você sofra um colapso total, será confirmada". As perguntas a ela começarão na terça-feira. As informações são da Associated Press.