Após mais de uma semana de posições pouco flexíveis, o governo de facto de Honduras começou ontem a dar sinais de que pode ceder para que seja encontrada uma saída para a crise que paralisa o país desde a deposição de Manuel Zelaya, dez dias atrás. A Suprema Corte indicou que uma anistia poderia abrir caminho para o retorno do presidente deposto, enquanto o presidente interino, Roberto Micheletti, defendeu a negociação capitaneada pelo líder costa-riquenho, Oscar Arias.
Em entrevista ao diário hondurenho "El Dia de Hoy", o presidente da Suprema Corte, Jorge Rivera Avilez, afirmou que uma possibilidade para superar o impasse seria "uma anistia política tanto para Zelaya quanto para outros atores envolvidos" na crise. A informação foi confirmada posteriormente por outras autoridades de Justiça em Tegucigalpa, capital de Honduras. Essa anistia seria apenas para crimes políticos. "Nossas resoluções podem ser aplicadas apenas em termos políticos, porque, no que corresponde a delitos de índole geral ou crimes comuns, não existe anistia", acrescentou Rivera.
Zelaya recebeu ordem de prisão por 18 crimes, incluindo corrupção e traição à pátria. Caso volte, mesmo anistiado, ele ainda correrá o risco de ser detido. Segundo insistiu ontem o procurador-geral de Honduras, Luis Alberto Rubi, Zelaya será preso assim que pisar no território hondurenho.
O Congresso pode não falar abertamente em anistia, como a Suprema Corte, mas deputados, candidatos presidenciais e mesmo Micheletti aceitam que as eleições presidenciais sejam antecipadas para que a crise possa ser superada. Inicialmente, a votação está marcada para novembro.
Manifestações
Em Tegucigalpa, a população se dividiu em duas manifestações. Uma delas a favor de Zelaya, que contou com a mulher dele, Xiomara de Zelaya, que fez um discurso defendendo o retorno do marido. A outra, organizada pelos defensores do governo provisório reuniu-se na praça principal da cidade. O toque de recolher foi mantido, mas as autoridades reabriram o aeroporto da cidade, fechado desde domingo.
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