O baiano Carlos Alberto Vieira Figueiredo, de 46 anos, suboficial da Marinha morto no incêndio na base brasileira na Antártida no sábado já tinha definido com a família o que iria fazer quando encerrasse a sua participação na missão da Estação Antártica Comandante Ferraz.
A partir do dia 27 de março, data prevista para sua volta ao Brasil, Carlos e família deixariam a cidade de Vitória da Conquista, no interior da Bahia, e passariam a morar em Aracaju, Sergipe. Sua intenção era, depois de 30 anos de atuação na Marinha do Brasil, se aposentar.
"Primeiro fomos nós, para organizar tudo. Meu pai tinha planos de migrar para a Marinha Mercante e com isso descansar mais um pouco, afinal ele tinha realizado o sonho de participar dessa missão na Antártida", diz Vitor Figueiredo, filho mais novo do marinheiro.
Depois de passar 11 meses nesta última missão, a qual embarcou em março de 2011, sob baixas temperaturas e longe de amigos e familiares, Carlos Alberto já não escondia a vontade de voltar para o seu país de origem.
"Em todo esse tempo, meu pai sempre se mostrou satisfeito e feliz. Sempre mandava fotos e dizia que estava bem. Mas, nos últimos dias, estava mais cabisbaixo e demonstrava ansiedade. Dizia que queria voltar logo", conta Vitor.
Sobre o retorno do corpo de Carlos Alberto, o filho Vitor afirma que ainda não há uma previsão oficial de chegada na Bahia. Vitor também não sabe dizer se o corpo irá direto para Vitória da Conquista ou se passará antes em Salvador.
Segundo a última nota divulgada pela Marinha, os corpos dos dois militares já foram transferidos para a Base Chilena Eduardo Frei, onde permanecerão até o seu transporte para o continente, na cidade de Punta Arenas, no Chile, dependendo das condições meteorológicas na região, e, posteriormente, para o Brasil.
Para Irineu Lopes, irmão do militar Roberto Lopes dos Santos, a segunda vítima do acidente, o que aconteceu foi uma fatalidade, e não obra de negligência.
"Não houve falha. Pra mim, ocorreu uma fatalidade, porque a segurança lá na base era primordial. Além disso, a seleção é rigorosa, só vão para lá quem está capacitado, tanto tecnicamente quanto psicologicamente", disse o funcionário público, em entrevista ao canal Globo News.
"Ele era um pai exemplar, insubstituível", disse a viúva, Suely Collares.