Cartum (EFE) O Governo sudanês advertiu ontem que as declarações do líder da organização terrorista Al Qaeda, Osama bin Laden, em relação ao conflito de Darfur complicará ainda mais a situação vivida nessa região do oeste do Sudão. O porta-voz do Ministério de Assuntos Exteriores sudanês, Jamal Mohammed Ibrahim, disse que as palavras de Bin Laden "contribuirão para piorar e complicar ainda mais a situação na região. Só ajudarão a aumentar o sofrimento dos civis". Ibrahim se referia ao pedido de Bin Laden a seus seguidores que preparem "uma guerra prolongada contra os cruzados" em Darfur.
Além disso, o porta-voz sudanês destacou que seu Governo "está comprometido com os tratados internacionais e coopera com a comunidade mundial na luta contra o terrorismo, por isso não acolhe terroristas nem permitirá sua entrada no Sudão".
Ibrahim também reiterou que seu país só aceitará a mobilização de forças estrangeiras em Darfur após a assinatura de um acordo de paz com os rebeldes da região.
Bin Laden também criticou os acordos de paz assinados entre Cartum e os rebeldes do sul sudanês, porque seu objetivo é separar a parte meridional do país, segundo ele. Além disso, acusou o Governo dos Estados Unidos de "se aproveitar das diferenças entre as tribos" (em Darfur) para tentar atiçar o conflito civil na região e "roubar o petróleo sudanês".
A guerra de Darfur explodiu em março de 2003 quando o Exército de Libertação do Sudão e o Movimento para a Justiça e a Igualdade pegaram em armas para protestar contra a pobreza e a marginalização da região, na fronteira com o Chade, e pelo controle dos recursos naturais.
Desde então, cerca de 200 mil pessoas morreram e dois milhões de sudaneses tiveram de abandonar seus lares e se alojar em campos de refugiados no Sudão e no Chade, no pior desastre humanitário dos últimos anos, segundo a ONU.