O ucraniano John Demjanjuk compareceu ontem a um tribunal de Munique para enfrentar as acusações de que teria colaborado com o assassinato de 27,9 mil judeus no campo de concentração de Sobibor, na Polônia. O julgamento de Demjanjuk, de 89 anos, pode ser o último dos grandes processos de crimes de guerra envolvendo supostos nazistas.
O acusado foi levado pela manhã à sala de audiência em uma cadeira de rodas e permaneceu de olhos fechados e calado durante todos os procedimentos. Na parte de tarde, após ter reclamado de dor e receber uma injeção, ele retornou à sessão em uma maca.
Apesar de ter reconhecido que esteve em outros campos de concentração durante a Segunda Guerra Mundial, Demjanjuk nega que tenha participado de atividades em Sobibor, onde promotores afirmam que pelo menos 250 mil judeus foram mortos.
O advogado de Demjanjuk, Ulrich Busch, acusou a corte e os promotores de tratarem o réu com mais dureza do que os alemães que comandavam o campo na Polônia.
A família do réu afirma que ele está muito fraco e doente para participar do julgamento, mas médicos que examinaram o réu dizem que ele está lúcido e tem condições de comparecer às sessões do processo.
Extradição
Em maio, Demjanjuk foi deportado pelos EUA, onde vivia desde 1952. Ele já havia sido extraditado por Washington em 1986, para Israel, e condenado à morte em primeira instância por ser o guarda conhecido como "Ivan, o Terrível", do campo de concentração de Treblinka. No entanto, a Suprema Corte israelense anulou a condenação em 1993 ao concluir que "Ivan" não era ele, mas outro ucraniano.