Um atentado suicida matou ontem dezenas de cadetes em uma academia de polícia de Cabul e explosões atingiram uma área próxima do aeroporto da capital do Afeganistão, em uma onda de ataques que começou com a enorme explosão de um caminhão-bomba.
Violência no mali
Supostos militantes islâmicos atacaram ontem um hotel no centro do Mali usado por funcionários da Organização das Nações Unidas (ONU), mataram pelo menos seis pessoas, fizeram reféns e levaram soldados a cercar o prédio. Um russo e um ucraniano estavam entre os reféns mantidos dentro do Byblos Hotel. Outras oito pessoas foram mantidas como reféns. O ataque, ao sul dos redutos de militantes islâmicos no deserto, mostrou às autoridades do país africano a ameaça representada por remanescentes de uma insurgência ligada à rede terrorista Al Qaeda que parece estar aumentando sua campanha contra tropas do Mali e funcionários da ONU.
Os ataques foram registrados pouco mais de uma semana após o grupo radical Taliban ter anunciado um novo líder, o mulá Akhtar Mansour, e parecem acabar com qualquer esperança sobre um retorno rápido para as conversas de paz entre o movimento insurgente e o governo do presidente Ashraf Ghani.
Um porta-voz taliban reivindicou a autoria do ataque à academia de polícia, no qual, segundo fontes, pelo menos 50 ou 60 pessoas foram mortas. O número de feridos é incerto. “O agressor usava uniforme da polícia e detonou seus explosivos entre estudantes que acabavam de voltar de uma folga”, disse um policial.
Pouco depois, duas explosões atingiram uma área ao norte do aeroporto de Cabul, perto de uma base das forças especiais dos Estados Unidos no país. Foram ouvidos tiros na região.
As explosões aconteceram perto de potenciais alvos, incluindo um campo da polícia antinarcóticos, uma base para funcionários terceirizados de segurança dos EUA e uma base das forças especiais dos EUA conhecida como Camp Integrity.
“Elementos contrários ao governo lançaram um complexo ataque contra Camp Integrity, iniciado com uma bomba em um veículo e seguido por ataques com armas de fogo e outras explosões”, disse uma fonte de segurança. Pouco após as explosões, a população de Cabul escutou jatos militares cruzando o céu sobre o centro da cidade.
“Muitas mulheres e crianças morreram ou estão feridas. Os autores do ataque tinham a intenção de cometer um massacre”, estimou o general Abdul Rahman Rahimi, chefe da polícia de Cabul. As informações sobre o número exato de feridos eram conflitantes ontem à noite: 400 segundo o Ministério da Saúde e 130 segundo o Ministério do Interior do Afeganistão.
As autoridades avaliam que o número de mortos deve aumentar, pois muitas pessoas podem ter ficado presas sob os escombros de prédios destruídos.
Em comunicado, o presidente afegão, Ashraf Ghani, condenou o atentado e disse que a escolha por alvos civis demonstra o “desespero” dos insurgentes no país. Ataques menores são ocorrências comuns em Cabul.
O atentado de ontem foi o primeiro em Cabul desde o anúncio, na semana passada, da morte do líder do Taliban, mulá Omar, e da escolha do novo dirigente, mulá Akhtar Mansour. O ataque aconteceu menos de 24 horas depois de um caminhão ter explodido perto de uma instalação militar em uma área residencial de Cabul, matando 15 pessoas e ferindo 248. Diferentemente do ataque de ontem, o Taliban não reivindicou responsabilidade pelo caminhão-bomba, que vitimou principalmente civis.
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