Ativistas ambientais se mobilizam èm Copenhague durante a Conferência da Onu sobre o Clima| Foto: Christian Charisius / Reuters

O mundo deve reduzir ao menos à metade as suas emissões de gases do efeito estufa até 2050, em comparação aos níveis de 1990, e os países ricos devem liderar esse processo, segundo o primeiro esboço da declaração final da conferência do clima de Copenhague, divulgado nesta sexta-feira.

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O documento de sete páginas omite cifras relativas a quantos bilhões de dólares os países ricos devem dar aos países em desenvolvimento para ajudá-los a mudar para energias verdes e enfrentar o impacto do aquecimento global, como a desertificação e a elevação dos níveis do mar.

"As partes devem cooperar para evitar uma perigosa mudança climática", diz o texto, proposto pelo maltês Michael Zammit Cutajar, que preside as negociações sobre as medidas de longo prazo a serem tomadas por todos os países, como parte da conferência de 7 a 18 de dezembro, que discute as linhas gerais de um novo tratado climático global.

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A proposta oferece vários níveis de reduções globais das emissões de gases do efeito estufa, especialmente pela queima de combustíveis fósseis, que podem ser de 50, 85 ou 95 por cento até 2050. Mais de 110 líderes mundiais devem discutir o assunto na cúpula de encerramento do evento, no dia 18.

Os números aparecem entre colchetes, significando que ainda não há acordo a respeito.

"As partes deveriam reduzir coletivamente as emissões globais em pelo menos (50/85/95) por cento em relação aos níveis de 1990 até 2050, e deveriam assegurar que as emissões globais continuem a declinar a partir de então", diz a proposta.

Para os países ricos, o texto sugere uma redução de 75 a mais de 95 por cento, sempre para o período 1990-2050.

A proposta também contempla uma meta intermediária para 2020, que pode ser da ordem de 25-40 por cento, ou até mesmo de 45 por cento, sempre em relação aos níveis de 1990.

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Yvo de Boer, chefe do Secretariado da ONU para as Mudanças Climáticas, disse que os documentos assinalam uma "mudança de passo" nas negociações. "É hora de focar o quadro mais amplo", afirmou ele a jornalistas.

China, Índia, Brasil e outros países emergentes relutam em aceitar a meta de redução global das emissões pela metade até 2050, por temerem que isso restrinja o seu crescimento econômico. Por isso, exigem metas mais ambiciosas dos países ricos.

"Ainda estamos estudando o texto", disse Kemal Djemouai, representante argelino que preside o grupo de nações africanas.

O texto diz que os países em desenvolvimento deveriam fazer um "desvio substancial" para reduzir o crescimento das suas emissões até 2020, ou que reduzam esse aumento em 15-30 por cento em relação aos níveis atualmente previstos.

Alden Meyer, da União de Cientistas Engajados, disse que há brechas imensas no texto. "Não creio que os países em desenvolvimento aceitem uma meta global para 2050 sem mais detalhes sobre o financiamento de longo prazo", disse ele.

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Mas ele considerou o documento uma boa base para trabalho futuro.

2020

O texto diz que os países desenvolvidos devem reduzir suas emissões em média em pelo menos 25 a 40 por cento, chegando a cerca de 45 por cento, também em relação aos níveis de 1990.

O comitê de cientistas climáticos da ONU propôs em 2007 um cenário no qual os países desenvolvidos teriam que cortar suas emissões em 25-40 por cento até 2020 para que haja uma chance de limitar os efeitos piores do aquecimento global, como enchentes, ondas de calor e tempestades de areia.

Mas as ofertas colocadas na mesa até agora pelos países desenvolvidos, atingidos pela recessão, totalizam apenas cerca de 14-18 por cento até 2020 em relação aos níveis de 1990.

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O texto diz que os países em desenvolvimento, que afirmam precisar emitir mais gases para ajudar a limitar a pobreza, ou devem fazer "um desvio substancial" para desacelerar o aumento de suas emissões até 2020, ou devem reduzir seu crescimento em 15-30 por cento abaixo dos níveis projetados para até 2020.

"O texto fornece uma base para a tomada das decisões políticas corretas", disse Kim Carstensen, diretora da iniciativa climática global WWF. "Ele contém muitas brechas, expõe divisões, mas também mostra claramente que um acordo é possível", disse.

"Agora terão que ser tomadas as decisões reais. Isso dará impulso à finalização de um acordo pelos 110 chefes de Estado na próxima semana", disse Jake Schmidt, do Conselho de Defesa dos Recursos Naturais.