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A empresária norte-americana Veronica saía de seu carro na Califórnia, em janeiro, quando ela e a filha adolescente foram abordadas por dois homens armados e levadas para o México. Ali passaram um mês, até que a família pagasse um resgate de 100 mil dólares.

As duas reféns cruzaram a fronteira porque a vigilância no lado mexicano da fronteira em San Diego é falha, e no lado norte-americano os agentes estão mais preocupados com quem entra.

"Recebemos uma luz verde automática para passar pela alfândega mexicana, e então fomos vendadas e levadas para uma casa em Tijuana. Eles seguravam uma pistola na minha barriga o tempo todo em que estávamos no carro", contou ela.

Efeito colateral da guerra mexicana às drogas, os cartéis de Tijuana passaram a se financiar em parte com o sequestro de cidadãos dos EUA no sul da Califórnia, levando-os para cativeiros mexicanos, segundo autoridades de ambos os países.

Segundo fontes mexicanas de inteligência, Veronica é uma dos cerca de 30 norte-americanos sequestrados no sul da Califórnia e levados para Tijuana desde novembro. Muitas das vítimas têm origem hispânica e dupla nacionalidade.

O FBI em San Diego disse estar investigando 16 casos desses entre outubro de 2007 e maio. Muitos mexicanos ricos que fugiram da violência em Tijuana vivem em condomínios sofisticados de San Diego.

A situação é ainda pior no outro lado da fronteira. Mais de 200 pessoas já foram sequestradas neste ano no Estado mexicano da Baixa Califórnia, segundo uma entidade de apoio a vítimas.

A opinião pública do país está chocada atualmente com a morte de um menino sequestrado de 14 anos, filho de um empresário rico da Cidade do México.

TEXAS E CALIFÓRNIA

Em junho, o FBI prendeu o líder de uma quadrilha de sequestros e narcotráfico em San Diego. Empresas que prestam consultoria e proteção contra sequestros nessa cidade da Califórnia admitem que seus negócios estão crescendo.

De acordo com o FBI, há também casos de norte-americanos sequestrados no Texas e levados para cativeiros no México.

Autoridades mexicanas dizem que o cartel Arellano Félix, que funciona em Tijuana, passou a sequestrar mais depois de ter vários de seus líderes presos e de perder espaço para outras quadrilhas de traficantes. A guerra entre quadrilhas já matou cerca de 2.000 pessoas neste ano.

"O esfacelamento da organização Arellano Félix não foi tão completo quanto desejávamos, eles se deslocaram para outras atividades, como o sequestro", disse o procurador-geral do país, Eduardo Medina Mora, numa recente viagem a Tijuana.

A exemplo do que aconteceu com Veronica, a maioria dos sequestros ocorre à luz do dia; os sequestradores usam uma pistola escondida e levam as vítimas em seus próprios carros, segundo as autoridades.

O departamento de Alfândega e Fronteiras dos EUA em San Diego disse não ter recursos para revistar veículos que partem, embora eventualmente ocorram operações-surpresa.

Um funcionário da alfândega mexicana disse, sob anonimato, que só 5 por cento dos veículos que entram são verificados, e que não há verbas para melhorar o serviço.

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