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Foto de arquivo do fundador do WikiLeaks Julian Assange numa entrevista coletiva em Genebra, em novembro deste ano | REUTERS/Valentin Flauraud
Foto de arquivo do fundador do WikiLeaks Julian Assange numa entrevista coletiva em Genebra, em novembro deste ano| Foto: REUTERS/Valentin Flauraud

O fundador do WikiLeaks, Julian Assange, que foi preso na Grã-Bretanha após ter sido acusado na Suécia de crimes sexuais, foi autorizado nesta terça-feira por um tribunal a deixar a prisão sob pagamento de fiança.

O australiano de 39 anos, cujo site WikiLeaks enfureceu os Estados Unidos ao começar a divulgar cerca de 250 mil comunicações diplomáticas sigilosas, recebeu o benefício da liberdade condicional do juiz Howard Riddle até que seja realizada outra audiência.

A promotoria anunciou durante a tarde que vai recorrer da decisão.

Assange, que nega as acusações feitas contra ele na Suécia, será monitorado eletronicamente, terá de pagar 200 mil libras (317.400 dólares) à corte, apresentar-se diariamente à polícia e respeitar um toque de recolher até a realização da próxima audiência, no dia 11 de janeiro, decidiu o juiz.

O advogado de Assange, Geoffrey Robertson, afirmou a jornalistas após a concessão da liberdade condicional que levará tempo para organizar a segurança necessária e que Assange provavelmente passará a noite de terça-feira ainda na prisão.

O juiz determinou que Assange deve fixar residência em Suffolk, leste da Inglaterra, terra de Vaughan Smith, ex-oficial do Exército que criou uma associação independente de jornalismo em Londres.

Antes da audiência, Assange acusou as empresas que deixaram de prestar serviços ao seu site de estarem a serviço da política externa dos EUA, e pediu ajuda para que seu trabalho seja protegido de "ataques ilegais e imorais".

Em conversa com sua mãe na prisão britânica, ele disse que não vai se intimidar.

"Minhas convicções são firmes. Continuo firme aos ideais que expressei. As circunstâncias não irão abalá-los", disse Assange, segundo nota entregue por sua mãe, Catherine, a uma TV australiana.

"Sabemos agora que Visa, Mastercard, Paypal e outras são instrumentos da política externa dos EUA. Não é algo que sabíamos antes", afirmou. "Estou pedindo ao mundo para que proteja meu trabalho e minha equipe desses ataques ilegais e imorais."

Na semana passada, simpatizantes de Assange realizaram pela Internet a "Operation Payback" ("Operação Troco"), tirando do ar os sites da Visa, Credicard e do governo sueco.

Mas o advogado de Assange Mark Stephens sugeriu que seu cliente discorda desses ataques.

"Quando eu disse a Julian sobre os ciberataques... ele disse: 'Olhe, já fui alvo de ciberataques. Acredito na liberdade de expressão, não acredito em censura, e claro que os ciberataques são justamente isso", afirmou Stephens nesta terça ao canal Sky News.

Segundo o advogado, Assange fica isolado na cadeia "vinte três horas e meia por dia". "Ele não tem acesso a jornais, televisão ou outros dispositivos noticiosos; não recebe correspondência, está submetido às mais insignificantes formas de censura", afirmou.

Assange entregou-se à polícia britânica na semana passada após a Suécia ter emitido um mandado internacional de prisão contra ele.

O australiano e seus advogados já manifestaram temores de que promotores dos EUA queiram indiciá-lo por espionagem por causa dos vazamentos do WikiLeaks.

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