Forças militares e da polícia israelense entraram nesta quinta-feira em sinagogas dos assentamentos judaicos de Neveh Dekalim e Kfar Darom, na Faixa de Gaza, a fim de retirar colonos entrincheirados nos templos, nos momentos mais dramáticos da operação de desocupação de colônias da região. Horas depois, a operação terminou e o governo começou a demolir residências nas localidades.

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Em Neveh Dekalim, o maior assentamento judaico da Faixa de Gaza, centenas de ultranacionalistas religiosos formaram um grande cordão humano na entrada da sala de estudos da principal sinagoga da colônia, dificultando o trabalho do Exército e da polícia. Deitados do chão, de braços dados, cantando hinos e gritando "judeus não devem expulsar judeus", eles resistiram durante horas à ação dos agentes desarmados.

Antes de entrarem na sinagoga, as forças de segurança tiveram que espalhar areia na entrada do templo, na qual os opositores haviam espalhado óleo para impedir a passagem dos agentes e dos militares.

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Após muita insistência, as forças de segurança conseguiram esvaziar totalmente a principal sinagoga do assentamento. Em um templo adjacente, mulheres e meninas ainda resistem. Policiais e soldados mulheres entraram no local sagrado e atenderam um pedido das manifestantes para que esperassem, porque elas queriam terminar suas orações antes de sair.

A campanha para retirar radicais entrincheirados precisou do apoio de forças especiais para invadir um templo no assentamento de Gan Or nesta quinta-feira. Segundo o jornal "Haaretz", o grupamento foi chamado depois que a polícia não conseguiu remover os 150 colonos e ativistas antidesocupação entocados no local.

Em Kfar Darom, após a última advertência, as forças de segurança removeram a barricada com móveis na entrada do templo e invadiram o local. Em seguida, usaram escadas para chegar ao terraço do templo, que estava cercado por arame farpado.

Jatos d'água na cor azul foram usados contra os manifestantes. Segundo o general David Tzur, da polícia israelense, em entrevista à rede CNN, a tática permite que os rebeldes sejam identificados durante as operações e caso se deseje levá-los a julgamento, já que muitos deles vão provavelmente enfrentar acusações criminais.

No momento mais difícil para as forças oficiais, alguns agentes de segurança deixaram o templo de cueca, após terem que se livrar dos uniformes por causa de um ataque com ácido. Ao todo, o confronto em Kfar Darom deixou 44 feridos, segundo o jornal "Haaretz": 27 policiais, 14 manifestantes e três soldados. De acordo com a publicação, o caso mais grave foi o de um soldado que escorregou no óleo derramado por manifestantes e caiu do segundo andar de uma sinagoga.

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Os opositores foram retirados aos poucos da sinagoga e a situação agora é de calmaria, deixando a localidade sem residentes.

Em outro ponto de Kfar Darom, um grupo de 72 ativistas foi retirado nesta quinta-feira de uma cooperativa que produz alface sem agrtóxico e outros vegetais para consumo de judeus ortodoxos. Um opositor da desocupação foi preso após quebrar uma vidraça, disse a polícia.

INSUBORDINAÇÃO - As tropas também arrastaram à força um soldado que ser recusava a participar da operação em Kfar Darom e que estava dificultando o esvaziamento da sinagoga - a primeira insubordinação desde o início da retirada forçada dos assentamentos.

As forças militares se dispõem a usar contêineres para retirá-los do teto. Os compartimentos de metal vão com oito soldados para capturar os rebeldes e podem alojar até dez destes.

Entre os primeiros a serem retirados na manhã desta quinta-feira havia uma veterana do mais velho assentamento de Gaza, Shela Shorshan, que perdeu seu marido e uma filha em dois ataques palestinos. Depois, saíram dezenas de moças do movimento opositor dos "alaranjados", que estavam no instituto religioso para meninas. Uma das opositoras em uma escola de enfermagem ameaçou policiais com uma seringa que, segundo ela, continha sangue contaminado com o vírus da Aids.

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Os "alaranjados", que residem em distintos pontos da Cisjordânia e de Israel, infiltraram-se há vários dias nos assentamentos para impedir o despejo dos residentes.

No cruzamento fronteiriço de Kissufim outro "alaranjado" suspeito de querer incendiar um ônibus foi detido.

AMEAÇA DE TIROS - A situação ficou bastante tensa também no assentamento de Kfar Yam, onde o líder extremista de direita Aryeh Yitzhaki ameaçou nesta quinta-feira atirar contra soldados que tentarem retirá-lo à força de sua casa, informou o jornal "Haaretz". A residência de Yitzhaki, na qual estavam também entrincheirados 40 outros colonos (incluindo mulheres e crianças), esteve cercada por cerca de 500 soldados.

Na varanda da residência transformada em fortaleza e portando um rifle M-16, o líder da resistência anunciou em um megafone que sangue seria derramado se as forças de segurança entrassem em sua casa. Depois de uma longa negociação, o grupo resolveu baixar as armas.

Autoridades israelenses disseram que a retirada da Faixa de Gaza seria finalizada até a próxima terça-feira, levando menos da metade do tempo do que o previsto anteriormente.

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A desocupação dos assentamentos da região, onde até o início da operação cerca de 8.500 judeus viviam em meio a 1,4 milhão de palestinos, a primeira parte do conjunto de terras que os palestinos querem para formar o seu Estado. Eles reivindicam também todo o território da Cisjordânia, onde há ainda 116 assentamentos judaicos, e a parte leste de Jerusalém.