Após apenas uma noite na Casa Branca, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, enfrenta neste sábado (21) uma grande manifestação impulsionada por mulheres cuja convocação se espalhou como um rastilho de pólvora pelas redes sociais.
Dezenas de milhares de manifestantes já se concentram perto do Congresso para defender os direitos das mulheres, mas também dos imigrantes, dos muçulmanos e dos gays, enquanto Trump acompanha um serviço interreligioso na catedral nacional de Washington.
A “Marcha das Mulheres”, que espera reunir mais de 200 mil manifestantes e avançar dois quilômetros pelo “National Mall”, onde Trump foi empossado como presidente na sexta-feira (20), é um sinal da polarização da sociedade americana.
Longas filas de quase três quadras para entrar em estações de metrô como a de Bethesda, nos arredores de Washington, já demonstravam a magnitude do evento. Os vagões estavam repletos de mulheres segurando cartazes com frases como “Alguém viu minha máquina do tempo?”, “Meu corpo, minha decisão” ou “Lute como uma menina”.
“A marcha é uma demonstração de nossa solidariedade e nossa crença de que os Estados Unidos devem ser grandes e devem respeitar todas as pessoas, de todos os credos e cores”, declarou Lisa Gottschalk, uma cientista de 55 anos que viajou da Pensilvânia para protestar. “Estou muito preocupada pelo novo presidente. Vamos garantir que não faça coisas desonestas ou injustas”, acrescentou.
Cerca de 225 mil pessoas confirmaram sua participação na página do Facebook da marcha, e outras 250 mil disseram estar interessadas no evento.
Durante sua polêmica campanha, Trump foi acusado de comportamento impróprio com várias mulheres, depreciou uma ex-Miss Venezuela por estar acima do peso, insultou imigrantes mexicanos, classificando-os de “estupradores” e “narcotraficantes”, zombou de um jornalista com deficiência e ameaçou fechar as fronteiras do país a todos os muçulmanos.
Na sexta-feira, centenas de manifestantes já protestaram contra Trump durante a cerimônia de posse. A maioria de maneira pacífica, embora tenham sido registrados confrontos violentos com a polícia em dois protestos que terminaram com 217 detidos.
“Uma mensagem clara”
Uma longa lista de oradores, entre os quais figuram o cineasta Michael Moore, a atriz Scarlett Johansson e a lendária defensora dos direitos civis Angela Davis, esquentará os ânimos dos manifestantes antes do início da marcha. As cantoras Cher e Katy Perry e a atriz Julianne Moore também anunciaram sua participação.
“A Marcha das Mulheres enviará uma mensagem clara ao mundo e ao nosso novo governo em seu primeiro dia no cargo de que os direitos das mulheres são direitos humanos”, disseram os organizadores.
Tudo surgiu com uma ideia de uma desconhecida advogada aposentada do Havaí, Teresa Shook, que cresceu como uma bola de neve nas redes sociais. “E se as mulheres marchassem em massa em Washington durante a posse?”, perguntou. Quando foi dormir, tinha 40 “curtidas”. Quando acordou, mais de 10.000, e a convocação seguiu crescendo.
Esta é a primeira vez em 40 anos que um presidente recém eleito tem uma popularidade tão baixa, de apenas 37%, segundo uma pesquisa da CBS News.
Embora Hillary Clinton tenha vencido na votação popular com três milhões de votos a mais que seu rival, isso não bastou para torná-la a primeira presidente dos Estados Unidos. Trump venceu a eleição com 308 votos do colégio eleitoral.
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