Vídeo| Foto: RPC TV

A internet se transformou em um aliado do canal venezuelano RCTV, que passou a usar portais e sites de vídeo, como o YouTube, para transmitir alguns de seus programas. A emissora saiu do ar no último domingo porque o governo do presidente Hugo Chávez não renovou sua licença.

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A administração venezuelana recusou-se a renovar a concessão da TV após acusá-la, durante anos, de ser "golpista". Houve protestos nas ruas de Caracas durante toda a semana. Os manifestantes, muitos deles estudantes, dizem que a decisão do governo foi autoritária e antidemocrática.

Desde a meia-noite do domingo, quando interrompeu suas transmissões, o canal mais antigo e de maior alcance do país vem buscando formas alternativas de manter-se presente nos lares venezuelanos, sem perder a esperança de algum dia voltar a operar normalmente.

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No entanto, o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, assegurou na noite de quinta-feira que não voltará atrás em sua decisão, apesar dos protestos daqueles que classificou como "oligarcas".

"Minha esperança é de que nos dêem novamente o sinal do canal 2. Se isso não acontecer, porém, conseguiremos seguir adiante de alguma forma, fazendo o que sabemos fazer", afirmou o operador gráfico de noticiário Guillermo Piñate, 26.

Piñate, que está há quatro anos no canal, deixou de realizar longas jornadas de trabalho, de até 12 horas, para trabalhar apenas quatro.

Para muitos dos funcionários da RCTV, o nome do presidente venezuelano se transformou em um palavrão. E esses funcionários não deixam de criticá-lo continuamente enquanto se esforçam para colocar três edições diárias do jornal "El Observador" no site http://elobservador.rctv.net e no blog do departamento de imprensa http://www.venezuelapress.com.

Para os simpatizantes do dirigente de esquerda, porém, a RCTV era um meio de comunicação "golpista" que deu apoio à fracassada tentativa de golpe responsável por tirar Chávez do poder durante algumas horas, em 2002.

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Os funcionários da RCTV costumam gritar "Chávez ladrão, devolva-nos o 2" durante as manifestações diárias que realizam às portas do canal em seu horário de almoço.

Limitados

No estúdio de gravação do jornal "El Observador", que agora é transmitido também pela estação de rádio RCR, a jornalista Ana Virginia Escobar inicia a leitura das notícias explicando que as transmissões estavam sendo realizadas em meio às limitações impostas pelo cancelamento do sinal.

Uma ordem do mais alto tribunal da Venezuela colocou os equipamentos de transmissão da RCTV à disposição da TVes, um canal de serviço público ligado ao governo e que agora ocupa a frequência do canal 2.

A rádio RCR coloca no ar três jornais da RCTV, e a Caracol Internacional, da Colômbia, transmite uma edição do "El Observador", às 23h (meia noite, horário de Brasília).

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Na sala de redação do jornal, os jovens repórteres, exibindo mensagens de protesto devido ao cancelamento da concessão, recebiam calmamente as notícias do dia.

Em uma das paredes do local, uma mensagem lembra aos funcionários que devem atender ao corte de gastos e realizar "somente as ligações (telefônicas) estritamente necessárias."