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Depois de 12 dias de protestos exigindo a saída do presidente Hosni Mubarak, população egípcia permanece nas ruas | AFP
Depois de 12 dias de protestos exigindo a saída do presidente Hosni Mubarak, população egípcia permanece nas ruas| Foto: AFP

A TV estatal egípcia Al Arabiya voltou atrás e negou que o presidente Hosni Mubarak tenha renunciado à presidência do Partido Nacional Democrático, legenda governista do Egito, conforme havia informado pouco antes neste sábado (5).

Todos os líderes do Partido Nacional Democrático, do governo do Egito, deixaram seus cargos neste sábado (5), segundo a TV estatal.

Gamal Mubarak, filho do contestado presidente Hosni Mubarak e seu herdeiro político, também saiu.

Hossam Badrawi, considerado da ala liberal do partido, assume como novo secretário-geral do comitê central.

Mais cedo, o premiê egípcio, Ahmed Shafiq, disse que o governo já começou a negociar com alguns grupos de oposição e está tentando atrair outros para obter uma transição negociada do poder no país em crise.

Questionado se a Irmandade Muçulmana entraria nas conversas, Shafiq disse: "Uma vez que os outros entrem, eles também vão entrar, ou ficarão sozinhos".

Abdel-Rahman Youssef, membro da juventude que protesta nas ruas do Cairo, confirmou que ele e outros líderes se reuniram com Shafiq na noite de sexta para tentar discutir a transição.

Uma das propostas, segundo Youssef, seria passar o poder para o recém-nomeado vice-presidente, Omar Suleiman, para, de alguma maneira, Mubarak renunciar ou ser afastado.

O ministro de Finanças, Samir Radwan, disse à BBC que o vice-presidente do Egito, Omar Suleiman, iria se reunir com alguns representantes da oposição.

O oposicionista egípcio Mohamed ElBaradei disse que quer discutir uma transição política "sem derramamento de sangue" com o Estado Maior do Exército, em entrevista à revista alemã "Der Spiegel".

Impasse

Depois de 12 dias de crise política, o país enfrenta um impasse.

Pressionado por protestos de rua e por líderes internacionais, o presidente Hosni Mubarak, de 82 anos e há 30 no poder, recusa-se a sair imediatamente, argumentando que o Egito enfrentaria o "caos".

Já os manifestantes temem deixar as ruas, por acreditar que a falta de pressão iria dar margem a que Mubarak tomasse apenas medidas "cosméticas" para se manter no poder.

Milhares de pessoas seguiam acampadas na Praça Tahrir, a principal do Cairo, que se tornou um símbolo da revolta. O clima, ao contrário dos primeiros dias de protestos, era pacífico.

Mas o governo tenta trazer o país, cuja economia foi bastante afetada pelos protestos, de volta à normalidade.

A TV estatal informou que os bancos e tribunais iriam voltar a abrir no domingo, primeiro dia útil da semana no Egito. A Bolsa de Valores ainda não abriria.

Mubarak reuniu seus principais ministros da área econômica neste sábado. A reunião incluiu o primeiro-ministro e os ministros de Finanças, Petróleo, e Comércio e Indústria. O presidente do Banco Central do Egito também participou.

Em Munique, a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, apelou a todos os países da região que façam "reformas democráticas verdadeiras".

A Casa Branca, ex-aliada de Mubarak, lidera a pressão internacional por uma transição imediata de governo.

Incidentes

Ao mesmo tempo, uma explosão atingiu o importante gasoduto que abastece Israel e Jordânia, na província do Sinal. Os motivos e as consequências do acidente ainda não estavam claros, mas a TV estatal falou em sabotagem.

E a TV americana Fox News informou que o vice-presidente Suleiman escapou de um atentado.

Uma igreja de Rafah, no Sinai, fronteira com a Faixa de Gaza, incendiou-se neste sábado, segundo a France Presse. As causas do incêndio ainda eram desconhecidas, mas testemunhas disseram ter visto homens armados e ouvido uma explosão.

Grupos islâmicos pediram, nos últimos dias, a seus militantes que aproveitassem a crise egípcia para realizar atentados na região, segundo grupos de monitoramento.

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