Com os institutos de pesquisas israelenses prevendo uma eleição nacional apertada na terça-feira (10), a chanceler Tzipi Livni vem fazendo campanha junto ao eleitorado feminino indeciso cujo apoio pode ajudar a garantir sua vitória.
Anúncios de campanha do partido centrista Kadima, de Livni, espalhados em outdoors e sites na Internet prometem "uma premiê de tipo diferente" e exortam os israelenses a elegerem a primeira premiê mulher no país em três décadas.
Ex-agente do Mossad, Livni, 50 anos, vem evitando jogar "a carta do gênero" para não mostrar-se como fraca numa sociedade dominada pelos homens, onde as guerras frequentes com vizinhos árabes tendem a fazer os generais e outras figuras militares serem mais populares que os políticos.
Mas, não tendo conseguido reforço suficiente com a ofensiva de 22 dias na Faixa de Gaza, que foi em grande medida bem recebida em Israel, Livni acrescentou um discurso feminista a seu repertório, entremeando queixas contra o chauvinismo machista com chamados pela repressão aos militantes do Hamas.
Nos últimos dias ela vem focando seus esforços de campanha no público feminino, exortando-o a fazer dela a primeira premiê israelense mulher desde Golda Meir, nos anos 1970.
"Meu trabalho é tomar decisões, não fazer café", disse Livni a uma platéia em Tel Aviv, falando de seu papel na ofensiva contra Gaza e contradizendo críticos para os quais lhe falta experiência de alto nível.
"Este pode ser um país em que as mulheres decidem seu próprio futuro", disse ela num comício em Jerusalém em que mulheres usavam camisetas cor-de-rosa dizendo "chegou a hora de as mulheres virem em primeiro lugar".
As pesquisas mais recentes indicam que pelo menos 15% dos eleitores israelenses ainda estão indecisos.
As pesquisas indicam também que após a guerra em Gaza a vantagem de Benjamin Netanyahu, líder do partido direitista Likud e ex-primeiro-ministro, diminuiu de quatro para duas cadeiras à frente de Livni. É uma diferença tão pequena que equivale a um empate estatístico.
O ministro da Defesa Ehud Barak, ex-general que é candidato pelo Partido Trabalhista, de esquerda, viu sua parcela de intenções de voto dobrar desde a guerra na Faixa de Gaza, na qual morreram 1.300 palestinos e 13 israelenses, mas ainda está muito atrás de Livni e Netanyahu.
Alguns especialistas dizem que Livni começou a ressaltar a questão do gênero como reação ao que alguns vêem como viés sexista da propaganda eleitoral de seus rivais.
Um outdoor do Likud exposto em todo o país mostra uma foto de Livni apoiada no cotovelo, com a cabeça nas mãos, acompanhada da legenda "ela não está à altura do desafio".
Rina Bar-Tal, presidente da Rede de Mulheres Israel, disse que o tom do outdoor "vai valer muitos votos a ela (Livni). Há mulheres que passam por esse outdoor e dizem 'eu não ia votar nela, mas agora vou, com certeza'".